sexta-feira, 31 de julho de 2009

RIP Sir Bobby Robson


Faleceu na manhã de hoje, aos 76 anos, o treinador inglês Sir Bobby Robson. Há anos ele lutava contra um câncer e, já no ano passado, havia dito publicamente que sua morte era questão de tempo, haja visto que a sua situação, bastante crítica, matinha-se estável mesmo após intenso tratamento de quimioterapia.

Bobby Robson foi treinador do FC Porto por duas temporadas e meia, e por isso deixo aqui minha mensagem de reconhecimento a este excelente profissional e grande figura humana.

Quando cheguei a Portugal, em novembro de 1994, ele era o treinador do FC Porto. Com ele, o FC Porto conquistou uma Taça de Portugal (1993/94) e dois Campeonatos Nacionais (1994/95 e 1995/96, os dois primeiros da campanha que culminaria com o inédito Pentacampeonato português), além de ter chegado às semi-finais da Liga dos Campeões na temporada 1993/94, com direito a uma goleada histórica de 5x0 sobre o Werder Bremen, em território alemão; nas semi-finais o Porto foi eliminado pelo Barcelona.

Foi um dos maiores treinadores que vi no comando do FC Porto. Melhor do que ele, talvez, somente José Mourinho (que, inclusive, treinador-adjunto de Bobby Robson no FC Porto e no Barcelona).

O futebol encontra-se de luto no dia hoje, pois perdeu um grande representante.

Um breve resumo de sua carreira:

Como jogador de futebol, o atacante Bobby Robson marcou sua trajetória ao serviço do Fulham e West Bromwich. Atuou 20 vezes pela seleção inglesa, tendo disputado as Copas do Mundo de 1958 e 1962.

Porém, foi como treinador que ele se notabilizou e se tornou, para os ingleses, uma verdadeira lenda.

Assumiu o comando do pequeno Ipswich Town em 1969, onde ficou por 13 anos. No clube conquistou uma Taça da Inglaterra (1977/78) e um Taça UEFA (1980/81).

Saiu do Ipswich Town direto para a seleção inglesa, que dirigiu de 1982 a 1990, em um total de 95 partidas.

Levou a Inglaterra às quartas-de-final em 1986, sendo eliminada pela Argentina, no jogo em que Maradona fez o histórico gol de mão ("a mão de Deus") e o gol mais bonito da história das Copas, em que partiu do meio-campo e driblou meio time inglês.

Na Copa de 1990, na Itália, levou a seleção inglesa à semi-final. A Inglaterra foi eliminada nos penaltis pela selelção da Alemanha Ocidental. Até hoje, esta foi a melhor campanha inglesa em uma Copa do Mundo fora do território inglês (a Inglaterra foi campeã em 1966, jogando em casa).

Após a seleção inglesa, Sir Bobby Robson assumiu o PSV Eindhoven, da Holanda. Com o PSV foi duas vezes campeão holandês.

Antes de chegar ao FC Porto, ele treinou o Sporting de Lisboa. De onde foi demitido em dezembro de 1993, após uma eliminação precoce na Taça UEFA. Pinto da Costa, presidente do FC Porto, não perdeu tempo e contratou o treinador inglês.

No comando do FC Porto, Bobby Robson conquistou dois campeonatos nacionais, uma Taça de Portugal e chegou a uma semi-final da Liga dos Campeões.

Trocou o FC Porto pelo Barcelona no verão de 1996. Foi o treinador de Ronaldo naquela que foi, para mim, a melhor temporada do "fenômeno" em toda a sua carreira. No Barcelona Bobby Robson conquistou praticamente tudo que disputou: Supertaça Espanhola, Copa do Rei da Espanha e Taça das Taças (Recopa Europeia). Faltou apenas a Liga Espanhola. Na temporada seguinte assumiu um cargo de "manager" do clube, enquanto o holandês Louis van Gaal foi contratado para a função de treinador.

Em 1999 ele foi para o Newcastle, onde ficou por 5 temporadas, quando se afastou do futebol devido ao agravamento da doença. No Newcastle fez um trabalho de recuperação, tirando o clube das posições do fundo da tabela, levando a um 4º lugar na temporada 2000/01 e um 3º lugar na temporada 2001/02, que renderam ao clube duas participações consecutivas na Liga dos Campeões.

Após o quinto diagnóstico de câncer, em 2004, Sir Bobby Robson abandonou a carreira de treinador, afastando-se do futebol, embora tenha continuado a trabalhar como consultor.

Em março de 2008 ele fundou a "Sir Bobby Robson Foundation" e em oito meses conseguiu arrecadar 1 milhão de Libras, valor destinado às pesquisas sobre o câncer.

18/02/1933 - 31/07/2009 - Descanse em Paz.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Athletic Bilbao: o ícone de um povo

Texto que publiquei no Blog "Torcida Ganha Jogo" (http://www.torcidaganhajogo.blogspot.com/).


Eu vos apresento um clube de futebol cujo significado vai muito além do futebol. O Athletic Club Bilbao, ou, simplesmente, Athletic Bilbao não é apenas um clube, não é mais um time como tantos outros que existem no mundo do futebol moderno. O Athletic Bilbao é um ícone, o símbolo emblemático da identidade de seu povo. O Athletic é a expressão de um povo, é a representação de uma causa, de uma luta... Luta por liberdade e autodeterminação.

O Athletic Bilbao é um clube basco, ou seja, situa-se na região do chamado País Basco, na Espanha. Os bascos travam uma luta histórica contra o poder central de Madrid há séculos, e esta luta ganhou um corpo nacionalista nos fins do século XIX, com a fundação de grupos nacionalistas bascos. Em plena ditadura fascista de Franco, o povo basco e sua região foram massacrados pela opressora força da ditadura franquista. Mas o povo permaneceu na luta, e o Athletic Bilbao se manteve de pé.

O Athletic Bilbao prima por um princípio básico: só veste o manto vermelho e branco quem nasce na denominada Euskal Herria, a terra dos bascos. Isso compreende o País Vasco (região autônoma espanhola), Navarra e Iparralde (País Vasco francês). Além disso, também aceitam jogadores FORMADOS no território basco, nas "canteras" de algum clube basco (como o Aranzubia, por exemplo).

Quem não for da Euskal Herria ou não tiver sido formado nas “canteras” de algum clube basco, não pode jogar pelo Athletic. Espanhóis ou franceses podem jogar pelo Atlhetic, mas têm que ser espanhóis e franceses nascidos na região que compreende o território da Euskal Herria (País Basco), um exemplo disto é Bixente Lizarazu, campeão do Mundo com a seleção francesa de 1998, nascido na região basca francesa (Iparralde), e que jogou pelo Athletic.

Fundando em 1898, o centenário Athletic é um dos clubes mais tradicionais da Espanha. O Athletic jamais caiu para a segunda divisão, sempre esteve na elite do futebol espanhol. O seus estádio, o San Mamés, é um dos mais antigos da Espanha, foi o único a receber jogos em todas as edições da primeira divisão espanhola.

No ranking histórico da primeira divisão espanhola, o Athletic Bilbao é o 3º colocado, ou seja, na pontuação geral de todas as edições do campeonato espanhol, o Athletic só fica atrás dos milionários Real Madrid e Barcelona.

A maior goleada aplicada em jogos do campeonato espanhol pertence ao Athletic e não foi em cima de um clubezinho qualquer, foi contra o Barcelona: Athletic 12x1 Barcelona.

O Athletic é um dos maiores campeões na Espanha, são 8 campeonatos espanhóis e 24 Copas do Rei (o segundo maior vencedor da história, perdendo apenas para o Barcelona).

Por falar em Copa do Rei, a final da última temporada (2008/09) envolveu o Athletic Bilbao e o Barcelona. O vencedor se tornaria o “Rei de Copas”, pois ambos tinham 24 títulos.

Embora de forma mais moderada que os bascos,
os catalães também nutrem um sentimento nacionalista e uma luta contra o poder central de Madrid.

A final marcou o encontro de dois clubes que representam as bandeiras de lutas de suas “nações”. De um lado o Athletic Bilbao, uma verdadeira seleção de bascos, do outro o Barcelona, uma seleção milionária, repleta de estrangeiros, porém um símbolo para o seu povo.

Dois momentos foram marcantes:

1. Na execução do hino nacional da Espanha, bascos e catalães se juntaram e, em uníssono, vaiaram o hino que representa o centralismo e a repressão madrilista. A televisão espanhola, neste momento, cortou o áudio da transmissão na ridícula tentativa de esconder a realidade. Sem dúvida, foi um momento único e histórico.
2. O Athletic saiu na frente e depois sofreu a virada. Mesmo com o jogo praticamente perdido, os seus bravos torcedores continuavam a cantar e a apoiar o time, em reconhecimento ao esforço de terem chegado tão longe. Cantavam muito mais alto e faziam uma festa muito mais bonita que os próprios torcedores do Barcelona. Ao fim da partida, os campeões do Barca foram ao encontro da torcida basca e a reverenciou, em um claro sinal de respeito e admiração.


Dados do Athletic Bilbaop:

Fundação: 1898

Sócios: 34.373

Estádio: San Mamés (inauguradao em 1913) - capacidade: 40 mil espectadores (todos sentados)

Títulos:

Campeão Espanhol (8): 1930, 1931, 1934, 1936, 1943, 1956, 1983 e 1984.

Campeão da Copa do Rei (24): 1902, 1903, 1904, 1910, 1911, 1914, 1915, 1916, 1921, 1923, 1930, 1931, 1932, 1933, 1943, 1944, 1945, 1950, 1955, 1956, 1958, 1969, 1973 e 1984.

Campeão da Supercopa da Espanha (1): 1984.

Um clube com esta história e com tantos títulos, só permite que atletas bascos vistam o seu manto (sagrado). É ou não é um grande exemplo de luta e honra? É ou não é um orgulho para todos aqueles que acreditam em uma causa justa?

O Athletic Bilbao é um raro exemplo de como um clube pode manter suas tradições sem se render aos “encantos” do futebol moderno. O Athletic se coloca como a resistência do povo basco e, por conseguinte, torna-se um ícone de resistência ao futebol globalizado, mercantilizado, transformado em um mero negócio.

GORA ATHLETIC!

Vídeos:

O ultimo doblete, temporada 1983/84:

http://www.youtube.com/watch?v=F1fcL_BqRfw

As vaias ao hino espanhol (final da Copa do Rei, 2008/09):

http://www.youtube.com/watch?v=qvBZ-JXZpNA

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Inocentes incongruências


Às vezes eu me pergunto. Com o que ela sonha?

Dorme, minha querida, dorme serenamente até o alvorecer do dia seguinte.

Eu estarei sempre de olho em você. Para a proteger.

Estarei ao seu lado mesmo quando você não sentir a minha presença. Ou, por (des)ventura, quando você não mais lembrar de minha existência.

Eu vou estar sempre com você. Vou levá-la, sempre, em meus pensamentos.

Você me inspirou a ser a melhor pessoa que eu poderia ser. Desculpe-me se a decepcionei. Desculpe-me se não fiz você se orgulhar de mim.

Tenha certeza. Você um dia estará por conta própria. A viver a vida que sempre desejou.

E eu tenho certeza. Uma única certeza: um dia você irá sorrir. Olhando para o passado, deixando as mágoas para trás. Você irá sorrir. Lembranças a farão sorrir.

Em uma noite de solidão, olhe para o céu. Veja o brilho das estrelas. Contemple o resplandecente cintilar da noite mais iluminada do ano. Serei eu, a sorrir, lembrando-me de você.

Eu vou estar sempre ao seu lado. A levarei em meus pensamentos (mais carinhosos).

Você me inspirou a ser a melhor pessoa que eu pude ser. Peço desculpas se não foi o bastante. Desculpe-me, eu não fui suficiente.

Eu tenho certeza. Na verdade, uma esperança. Você um dia irá sorrir. E em um lapso de memória, breves passagens a farão sorrir. Lembranças de um passado pretensamente feliz.

Ah! Como eu gostaria de estar em seus sonhos... Será que alguma vez você pensa em mim?

“Sonhar não custa nada (...) Deixe a sua mente vagar. Não custa nada sonhar”.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

FC Porto x Benfica: uma rivalidade que vai além do futebol


Quando entram em campo para disputar aquele que é hoje o maior clássico português, FC Porto e Benfica levam para o gramado muito mais que uma rivalidade entre dois clubes de futebol. Os dois clubes representam duas cidades e duas macrorregiões: Porto x Lisboa; Norte x Sul. Este clássico representa a eterna rivalidade entre as duas maiores cidades portuguesas e cada uma representa a sua região, o Porto muito mais identificado com o Norte do que Lisboa com o Sul, por razões históricas.

Quem olha para Portugal, sem conhecer bem a sua história, pode pensar que se trata de um país igual, que todos os habitantes são parecidos e que existe uma unidade nacional. Talvez por sua dimensão, Portugal passe essa impressão. Porém, desde os tempos mais antigos, Portugal convive com uma divisão fortemente marcada por suas duas grandes cidades, e, atualmente, é no futebol que esta divisão se aflora mais e se manifesta de forma mais acentuada.

A origem de Portugal está no Norte, o Condado Portucalense. Portucale vem de Porto de Cale, a cidade do Porto. Foi do Condado Portucalense que partiu a reconquista dos territórios do Sul, ocupados pelos Mouros (mulçumanos). Lisboa só viria a ser conquistada em 1147, oito anos depois da formação do Reino de Portugal por D. Afonso Henriques e quatro anos após o reconhecimento da independência de Portugal pelo Rei de Leão e Castela, através do Tratado de Zamora.

Durante a ocupação Moura, a cidade de Lisboa se chamava Al-Ushbuna e a maioria de seus habitantes chegou a adotar a língua árabe e a religião mulçumana da minoria invasora que se constituiu como elite. Até hoje, quando alguém do Norte quer provocar os lisboetas, refere-se a estes como os “mouros”.

A partir do reinado de D. Manuel I, quando Portugal começou a se consolidar como Império, viu-se o fortalecimento centralismo português. O poder central se encontrava na capital Lisboa e um Estado absolutista, evidentemente, limitava a autonomia administrativa dos municípios, por conseguinte, Lisboa gozava de uma posição quase que hierárquica sobre as demais cidades portuguesas. O Porto sempre foi o maior expoente do inconformismo.

Chegando ao Século XX , o marco da rivalidade Porto x Lisboa é o Regime Fascista de Salazar. A política autoritária do fascista Antônio de Oliveira Salazar adotou o centralismo econômico e concentrou em Lisboa não apenas o poder político e econômico como também cultural. Salazar, grosso modo, separou Lisboa do resto do país.

No futebol não foi diferente. O "Sistema Político Fascista e Centralista-Salazarista" foi claramente favorável aos clubes de Lisboa, principalmente o Benfica, que era o mais popular. O Regime Fascista se servia das conquistas dos clubes de Lisboa e, especialmente, do Benfica para enaltecer a sua grandeza e se aproveitar da alienação das massas, usando o futebol como um meio de “entretenimento” e um escape à fome e a miséria a que levou o fascismo.

Não é por acaso que o Benfica é conhecido por “encarnados”. O vermelho sempre esteve associado ao comunismo, que, por sua vez, era antagônico ao fascismo. Logo, o Benfica não podia ser referenciado como os “vermelhos”, jamais! Por isso os benfiquistas são “encarnados”.

O FC Porto era o único clube que conseguia, apesar dos pesares, fazer frente aos de Lisboa. Por essa razão, afirmava o mítico José Maria Pedroto que um título do FC Porto valia por dois ou mais do que o de um clube de Lisboa, uma vez que não se competia em igualdade de circunstâncias.

O FC Porto, portanto, assim como a cidade do Porto, tornou-se o foco de resistência, o símbolo do inconformismo, o baluarte do Norte.

Com o fim do Regime Salarazarista, o retorno à democracia e, mais ainda, com a chegada de Jorge Nuno Pinto da Costa à presidência do FC Porto, o futebol português deu uma guinada ao Norte e, pelo menos no futebol, o Porto passou a concentrar o poder e as conquistas.

Como já foi dito, os portistas fazem questão de frisar a influência mulçumana em Lisboa e até hoje se refere aos benfiquistas como “mouros”, em tom pejorativo. Os benfiquistas, por sua vez, fazem referência à outra passagem da história de Portugal, e chamam pejorativamente os portistas de “tripeiros”.

Contudo, enquanto os benfiquistas se ofendem com a referência aos mouros, os portistas se orgulham do termo “tripeiros”. É que durante o período dos descobrimentos o Infante D. Henrique pediu aos moradores do Porto alimentos de todo tipo, ficando a população unicamente com as tripas.

Para os portistas, como bons portuenses e habitantes do Norte, essa passagem representa mais uma referência de seu nacionalismo e patriotismo, o amor e a entrega a Portugal.

Não à toa, a torcida Super Dragões entoa nos estádios “Tripeiro eu sou /
E tenho o Porto no meu coração...”, além de puxar o grito “Quem bate palmas é tripeiro (palmas), é tripeiro (palmas), é tripeiro (palmas)”.

No que tange às torcidas, essa rivalidade pode ser verificada nos confrontos entre os Super Dragões (FC Porto) e No Name Boys (Benfica).

Em 2008, suspeita-se que integrantes dos No Name Boys incendiaram um ônibus dos Super Dragões, que havia se deslocado a Lisboa para assistirem à decisão do campeonato português de hóquei em patins. Neste mesmo dia ocorreram confrontos violentos entre as duas torcidas, após emboscada dos No Name Boys aos Super Dragões na saída de Lisboa (fala-se que, supostamente, os benfiquistas contaram com a ajuda da polícia, isto é objeto de investigação por parte do Ministério Público português).

Do lado do FC Porto, até certo tempo os Super Dragões tinham um cântico não muito pacífico em referência a Lisboa. Cantavam com orgulho, especialmente nos jogos na capital: “Nós só queremos Lisboa a arder / Lisboa a arder / Nós só queremos Lisboa a arder / Lisboa a arder”. Já não cantam mais, porém não se pode deixar de fazer menção à tamanha demonstração de amor e apreço pela capital do seu país.

Enfim, a título de conclusão, podemos afirmar que quando Benfica e FC Porto entram em campo para se defrontarem, pisam no gramado não apenas para uma disputa de futebol. Benfica e FC Porto levam consigo a paixão e o ódio de duas cidades e uma rivalidade quase milenar.

O Benfica, clube mais popular de Portugal, vestido de “encarnado”, representa o centralismo português; a concentração de poder na capital Lisboa; o desprezo e a arrogância lisboeta em relação ao resto do país, em especial ao povo do Norte.

O FC Porto, como bem disse o seu presidente recentemente, é "o grande baluarte do Norte, cada vez mais esquecido e amordaçado", representando, portanto, o brio e bravura do Norte, inconformado e historicamente resistente.

FC Porto x Benfica, Benfica x FC Porto, é muito mais do que um simples jogo de futebol.

terça-feira, 14 de julho de 2009

14 de julho de 1789


Há exatos 220 anos o povo parisiense invadiu as ruas da capital francesa e tomou um dos maiores símbolos do absolutismo francês, a Bastilha.

A Bastilha era uma fortaleza medieval utilizada como prisão, local onde o rei trancafiava seus inimigos políticos. Por ser o local onde ficavam presos os inimigos do absolutismo francês, a Bastilha se tornou símbolo deste Regime.

No dia 14 de julho de 1789 o povo apoderou-se de cerca de 30 mil fuzis e alguns canhões e rumou em direção à Bastilha. Em poucas horas a Bastilha foi tomada pelos populares. Ao Rei restou duas alternativas: render-se ante a força das massas ou iniciar uma guerra nas ruas de Paris. Optou pela capitulação.

Este evento marcou a Revolução Francesa e se transformou em um dos maiores símbolos das revoluções burguesas.

O imortal Waldimir Maia Leite, em Opinião no Diario de Pernambuco, escreveu “O 14 de Julho não é data construtiva e emocional apenas da França e dos franceses. É data mundial de grande efeméride. (...)14 de Julho - uma data não só dos franceses, mas do mundo todo...”.

Sem dúvida a Revolução Francesa significa muito não apenas para os franceses, como para todos os povos do mundo. Ela foi a revolução de maior impacto e repercussão. Além disso, ela foi uma verdadeira “revolução social de massa” (Hobsbawm). Representou um exemplo que inspirou outros povos, como os latino-americanos que lutaram por sua independência a partir de 1808.

A Revolução Francesa não foi fruto de um partido ou apenas um movimento organizado, ela refletiu o consenso de idéias da burguesia, o que permitiu ao movimento revolucionário uma unidade efetiva. Estas idéias, formuladas pelos filósofos, eram as do liberalismo clássico.

Um dos legados da Revolução Francesa que se tornou um marco para todos os países, foi a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789.

Os direitos fundamentais do homem têm sua consagração normativa com a promulgação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, na França, em 26/08/1789. Eric Hobsbawm a definiu como “um manifesto contra a sociedade hierárquica de privilégios nobres”, ou seja, a garantia da liberdade do indivíduo perante o Estado, a limitação e o controle do poder do Estado.

Entretanto, embora reconhecendo o fundamental valor da Revolução Francesa e, principalmente, o marco significativo da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, é impossível não analisar esta passagem da história da humanidade com um olhar um pouco mais crítico.

É indiscutível que, com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, fundou-se uma nova perspectiva, base do Estado moderno, apoiada em uma relação diferente entre o Estado e o cidadão, na qual passou a haver um limite aos abusos de poder do Estado, através de novas formas de controle do poder estatal.

Contudo, chegamos a algumas indagações:

A quem serviu esta nova perspectiva? A quais interesses respondia essa nova base de Estado, essa diferente relação entre o Estado e o cidadão? Quem se beneficiou desta “radical inversão de perspectiva” (Bobbio)?

Foi o povo, a massa social que tomou a Bastilha, o grande beneficiado desta mudança histórica?

O povo tomou a bastilha. A burguesia chegou ao poder.

Hobsbawm definiu a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão como “um manifesto contra a sociedade hierárquica de privilégios nobres”, porém, o próprio autor complementa a sua afirmação e diz “mas não um manifesto a favor de uma sociedade democrática e igualitária”. Ou seja, pregar a liberdade, não significava, obrigatoriamente, a defesa da democracia e de uma sociedade verdadeiramente igualitária.

Os burgueses, ou melhor, os liberais clássicos, não estavam preocupados com a democracia ou com uma sociedade igualitária. O que os motivava era a fundação de um Estado que permitisse a sua ascensão e afirmação social.

Vítimas do Estado absolutista, os burgueses tinham grande preocupação com os limites do poder estatal. Necessitavam, por conseguinte, do estabelecimento de uma nova relação com o Estado.

O burguês liberal clássico era muito mais um constitucionalista do que um democrata. Para os burgueses, era mais interessante uma monarquia constitucional do que uma república democrática. É o que afirma o historiador Eric Hobsbawm:

[...] O burguês liberal clássico de 1789 (e o liberal de 1789-1848) não era um democrata, mas sim um devoto do constitucionalismo, um Estado secular com liberdades civis e garantias para a empresa privada e um governo de contribuintes e proprietários.

Podemos concluir, portanto, que a burguesia, na persecução da liberdade esteve mais preocupada com a sua liberdade perante o Estado e sua conseqüente ascensão e afirmação social do que propriamente com a democracia e com o povo.

Por fim, reiterando a importância a o significado histórico do 14 de julho de 1789, a ideia que pretendemos passar com esta “visão crítica” é que não podemos jamais confundir “liberalismo” com DEMOCRACIA, afinal um Estado Liberal de Direito nem sempre é sinônimo de Estado Democrático de Direito e a história mostra-nos isso com clareza.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Que este sonho nunca chegue ao fim

Majestosa alvorada.
Fagulha de luz em meio à escuridão.
Sol que começa a raiar.

Noite de sono plácido.
Sonhei que estava no paraíso,
Lugar de deleite sem fim.

Ao meu lado uma mulher especial.
De um brilho dourado,
Tom angelical.

Meu espírito repousa em calmaria.
Meu coração bate entusiasmado.
Todo o meu corpo treme excitado.

Em seus sorrisos encontro emoção.
Nos seus abraços, proteção.
Os seus lábios são pura satisfação.

Mais que uma companheira,
Ela é parte de minha essência.
A melhor porção de minha existência.

Com ela descobri a felicidade,
Aprendi o que é o amor,
Encontrei uma razão para viver.

Fecho os olhos.
Volto a dormir.
E fico à espera de que este sonho nunca chegue ao fim...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Ronildo Maia Leite


Morreu na manhã de ontem, no Hospital Esperança, um grande homem e um dos maiores jornalistas de Pernambuco, Ronildo Maia Leite.

Pessoa que eu tive o prazer de conhecer e a gratidão de, nos nossos esporádicos encontros, poder desfrutar de sua inteligência, nas nossas discussões sobre política nas quais eu ouvia muito mais (muito mesmo) e falava quase nada.

Sempre que ele me encontrava em algum lugar, virava-se para mim e brincava "você que é o comunista?", e emendava "quando é que você vai deixar de ser comunista?". No seu estilo bem humorado de costume.

Ronildo Maia Leite, escreveu 15 livros e ganhou quatro prêmios Esso de jornalismo, o prêmio de maior referência no jornalismo.

Ronildo era meu tio-avô, irmão mais novo do meu avô o também jornalista e escritor Waldimir Maia Leite.

Descanse em paz, Ronildo.

Notícias sobre o seu falecimento:

Blog do Jamildo: http://jc3.uol.com.br/blogs/blogjamildo/canais/noticias/2009/07/05/morre_o_jornalista_ronildo_maia_leite_49618.php

Nota de Jarbas Vasconcelos: http://jc3.uol.com.br/blogs/blogjamildo/canais/noticias/2009/07/05/jarbas_lamenta_morte_de_ronildo_49629.php

PE 360°: http://pe360graus.globo.com/noticias/cidades/personalidade/2009/07/05/NWS,493779,4,78,NOTICIAS,766-JORNALISTA-RONILDO-MAIA-LEITE-MORRE-ANOS-RECIFE.aspx

sábado, 4 de julho de 2009

Manhã de Sábado


Manhã de Sábado

Manhã de sábado. Mês de julho.

A chuva bate na janela. São 5h50m da manhã e nem sinal do sol para iluminar o (meu) dia.

Sinto cala-frios por todo o corpo. Reflexo da temperatura mais baixa neste começo de sábado chuvoso de (inverno) julho, mas também causado pela ansiedade misturada à frustração que corroem o (meu) ser.

As noites são longas e inquietas. Acumulo sonos mal dormidos. Sonhos que (me) despertam em choro. Esperança que (des)afoga em desespero.

Desperto cedo. Na expectativa de que um novo dia traga uma nova vida. Que os raios de sol tragam consigo muito mais que a energia termosolar. Que (me) iluminem a vida. Que sejam raios de esperanças renovadas. De um novo começo. Um despertar renovado. Como se tudo começasse do zero e todo o passado tenha ficado para trás, esquecido, superado, tanto quanto uma vida pregressa, da qual sequer temos lembranças.

A realidade, contudo, é dura. Implacável. Inevitável.

Acordo dia após dia com o mesmo desejo. Acordo dia após dia com a mesma decepção. Acordo dia após dia sentindo a mesma dor do vazio de quem viu escorrer pelas mãos parte significativa de sua vida.

É manhã de sábado. 6h17m. A chuva insiste em cair.

As gotas da chuva acompanham o ritmo das lágrimas que escorrem pelo (meu) rosto. Incessante. Incontrolável.

Ouço a água bater na janela. Ouço meu coração bater desafortunadamente.

Pergunto(-me) se isto terá fim. Quanto tempo mais hei de sofrer de tal maneira pelos erros que eventualmente (eu) tenha cometido.

Olho ao (meu) redor. Olho (para mim) à procura de algo que (me) conforte. Não vejo nada. Nada que (me) dê forças para suportar essa provação. Nada que (me) faça crer na felicidade. Nada que (me) traga a esperança de volta.

Olho ao (meu) redor. Observo o (meu) quarto. Vejo a cama: convidativa, tentadora. Ela (me) chama ao seu encontro. Com a promessa de que nela terei, pelo menos, a possibilidade de (adormecido) fugir da realidade.

Reconheço na cama o (meu) único abrigo. Um refugio. Uma fuga. Dormir para fazer o tempo passar. Para que este (novo) velho dia, igual aos demais, seja (um pouco) mais curto.

Dorme, dorme, meu menino...