sábado, 27 de junho de 2009

Cena Final

Tirando um pouco as teias de aranha. Tentando voltar a escrever sobre algo para além do futebol.


CENA FINAL


A noite estava fria, chovia bastante e o vento era impiedoso. As árvores não paravam de balançar e muitas folhas caiam ao chão.

A rua estava deserta. Nem uma alma viva se atrevia a enfrentar aquela manifestação da natureza. Ninguém se aventurava a sair de casa.

Ninguém exceto um homem. Esguio e elegante. Trajado como se fosse a uma noite de gala. Levava consigo uma maleta de couro.

Solitário. Cabeça baixa, ombros vergados. Caminhava lentamente.

Nem o frio. Nem a chuva. Nem o vento que soprava de maneira assustadora. Nada parecia incomodar este homem. Nada interrompia a sua vagarosa marcha.

O homem para junto ao muro de uma casa há muito abandonada. Abre a maleta. Retira um spray. E escreve:

“DEIXO ESTE MUNDO DA MESMA FORMA QUE CHEGUEI: INSIGNIFICANTE”

Volta-se para a maleta. Retira uma pistola prateada. Abre a boca. Aproxima o cano da pistola. Ouve-se um murmuro lamuriante. Seguido de um grito desesperador:

“DEUS, TEM PIEDADE DA MINHA POBRE ALMA”.

Ouve-se um tiro.

O corpo cai ao chão. Ao seu lado, na maleta aberta, vê-se uma foto. Ele está ao lado de uma linda mulher. Ambos aparentemente felizes. No verso estava escrito: agradeço-te, minha linda, pelos melhores dias da minha vida.