sábado, 15 de janeiro de 2011

Uma primeira volta quase perfeita


Amanhã, o FC Porto receberá, no Estádio do Dragão, a Naval 1º Maio, em jogo a contar pela 16ª rodada do Campeonato Português, sendo, portanto, o pontapé inicial para a segunda volta do campeonato.

Por isso, resolvi fazer minha análise à primeira volta do FC Porto nesta temporada 2010/11, um breve rescaldo dos primeiros 15 jogos dos azuis e brancos no Campeonato Nacional.

Mesmo depois da moralizante e incontestável vitória frente ao campeão dos túneis na decisão da Supertaça Cândido de Oliveira, em que o FC Porto fez 2x0 e podia ter feito mais, sem falar do árbitro que poupou inúmeras expulsões aos caceteiros de vermelho – ao que parece, eles têm imunidade às agressões aos adversários – nem o mais otimista dos portistas esperava por uma primeira metade de campeonato tão espetacular e consistente por parte do seu clube.

Em 15 jogos, o FC Porto ganhou 13 vezes e empatou 2 – pois é, os dragões terminaram a primeira volta imbatíveis (e como isto incomoda a muitos...). Tem o melhor ataque (36 gols marcados), a melhor defesa (6 gols sofridos – defesa menos batida entre os principais campeonatos nacionais da Europa), o melhor marcador (Hulk – 14 gols em 14 jogos que disputou, com média de 1 gol por jogo) e oito pontos de avanço sobre o segundo colocado. É ou não um FC Porto avassalador?

Ainda no campo da análise aos números, este FC Porto 2010/11 tem nove pontos a mais que o FC Porto 2009/10 nesta mesma altura do campeonato (41 x 32), comprovando o crescimento e a força da equipe comandada pelo promissor André Villas-Boas.

No ano passado, ao fim de 15 rodadas, o líder do campeonato – Sporting Braga – tinha 36 pontos, ou seja, cinco pontos a menos que o FC Porto este ano; o Benfica, que, para a comunicação social do Regime, era um “rolo compressor”, o “espetáculo em forma de futebol”, tinha os mesmos 36 pontos que o Braga, com 11 vitórias, 3 empates e 1 derrota.

Quer dizer, o tal “rolo compressor” tinha uma campanha muito abaixo deste FC Porto atual – FC Porto x Benfica: 41 pontos x 36 pontos; 13 vitórias x 11 vitórias; 0 derrotas x 1 derrota.

Mesmo assim, a comunicação social do Regime não reconhece os méritos dos azuis e brancos de forma alguma, muito menos da forma efusiva e entusiasmada com a qual vendia a imagem dos vermelhos no ano passado; pelo contrário, insiste que o segundo colocado, mesmo a oito pontos de distância, pressiona e incomoda o líder absoluto e invicto... Coisas de uma comunicação social totalmente parcial.

Para além dos números que, para mim, são incontestáveis, podemos somar a esta primeira volta espetacular várias exibições de altíssimo nível, em que o FC Porto demonstrou muita classe e extrema competência.

São jogos como os 5x1 frente à União de Leiria, no jogo oficial de número 150 do Estádio do Dragão (http://emanuel-junior.blogspot.com/2010/10/150-vezes-dragao.html); a reviravolta frente ao Sporting Braga, em um jogo sensacional, vencido por 3x2; a vitória da força, determinação e superação na piscina de Coimbra, debaixo de um dilúvio e em um campo onde era impossível a prática do futebol, 0x1 contra a Académica; e o fechar da primeira volta, com uma vitória incontestável ante o Marítimo, 4x1.

Reservei, claro, um parágrafo isolado para o jogo mais emblemático e marcante destas primeiras 15 rodadas de Campeonato Português. A histórica goleada frente aos vermelhos, campeão dos túneis 2009/10 – FC Porto 5x0 benfica. Aquilo não foi uma vitória qualquer, foi uma verdadeira aula de futebol, na qual o FC Porto vulgarizou e humilhou o seu maior rival e deixou bem clara a sua total e indiscutível superioridade. Um jogo que entra para a história e ficará marcado para sempre na memória de todos os portistas e, claro, nos pesadelos dos vermelhos. Sobre este jogo - http://emanuel-junior.blogspot.com/2010/11/fc-porto-5x0-benfica-uma-goleada-que.html.

O título do texto é “Uma primeira volta quase perfeita” e eis que chegamos aos motivos que impediram que esta primeira volta fosse mesmo perfeita.

Primeiro, o FC Porto perdeu quatro pontos, ambos fora de casa. Os dois primeiros pontos ficaram em Guimarães, em um jogo onde o FC Porto podia e devia ter vencido, mas uma mistura de alguma displicência e uma arbitragem tendenciosa, fizeram com que o jogo tenha terminado empatado em 1x1, depois de o Porto ter aberto o marcador, através de Hulk.

Já o segundo empate veio em Alvalade, no clássico contra o Sporting. O 1x1 não seria um resultado tão negativo, afinal tratava-se de um clássico, na casa do adversário. Mas o primeiro tempo do FC Porto foi dos piores a níveis exibicionais em toda a temporada e isso custou os três pontos. De ressaltar que, no segundo tempo, o FC Porto voltou dominador, empatou o jogo e foi prejudicado, mais uma vez, pela arbitragem – expulsão injusta do zagueiro brasileiro Maicon e expulsão perdoada a Maniche, que agrediu um atleta portista, mas que mereceu a benevolência do árbitro do jogo. Foi mais um empate na temporada, outro 1x1.

Antes de destacar alguns jogadores individualmente, primeiro gostaria de ressaltar a força coletiva desta equipe. Taticamente manteve-se o 4x3x3, porém com uma postura mais agressiva - uma marcação em pressão alta; maior posse de bola e, por conseguinte, mais controle e melhor circulação; e um tic-tac em fase de crescimento que envolve os adversários.

Pegando neste ponto de maior posse de bola e melhor circulação, destaco o incansável João Moutinho – o verdadeiro motor e cérebro do meio-campo azul e branco. A sua chegada tem se mostrado de extrema relevância para o crescimento do jogo coletivo do FC Porto.

Depois de Moutinho, eu destacaria o matador Radamel Falcao. O colombiano tem um faro de gol digno dos maiores centroavantes do mundo. Além disso, ele exerce uma função primordial na frente de ataque, com sua constante movimentação, que causa muitas complicações aos marcadores.

Helton, agora capitão, tem estado muito bem e mais concentrado. Registrou algumas exibições fundamentais, com defesas importantíssimas.

Por fim, o incrível Hulk. Um jogador muito acima do nível médio do Campeonato Português. Não foi por acaso que, no ano passado, recorreram ao Túnel da Luz e a uma interpretação estúpida e arbitrária para o suspenderem por 3 meses (injustamente, o que foi provado em grau de recurso).

Hulk é um jogador fantástico que, quando está concentrado e voltado para o jogo coletivo, é imparável. Reúne força física, velocidade e muita técnica: dificilmente é batido em um confronto corporal; ou é alcançado quando acelera para a bola; ou, por fim, quando inspirado, é parado quando parte para o drible – David Luiz que o diga, pois desde o dia 07/11/2010 que ainda tem pesadelos a correr atrás do Hulk ou a disputar o “um para um” com este incrível jogador.

Em termos de assistências, em oito jogos no Dragão, levamos, em média 36.402 espectadores por jogo. A maior assistência foi no dia 07/11/2010, quando o FC Porto humilhou o seu rival, benfica, por 5x0 – 49.817 felizardos presenciaram a escrita de uma vitória histórica. No geral, tivemos 4 jogos com público acima dos 40 mil – FC Porto 3x0 Beira-Mar (43.209); FC Porto 3x2 Sporting Braga (47.617); FC Porto 5x0 benfica (49.817); e FC Porto 2x0 Portimonense (40.418).

Pois bem, amanhã o FC Porto iniciará em casa a segunda volta do campeonato. A última metade da caminhada rumo à recuperação do título nacional – o que seria o quinto em seis anos.

Espero um FC Porto concentrado e determinado. Não se pede espetáculo em todos os jogos – como bem disse o nosso treinador – mas se exige a seriedade e eficiência àqueles que vestem as camisolas azuis e brancas.

Acredito na capacidade deste elenco; acredito, também, na competência de nosso treinador. Por isso, creio que, com trabalho sério e dedicação, chegaremos a mais um título nacional.