sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Roadie Profile

Copiado do blog do amigo Paulo Peterson. O Roadie Profile é uma seção da revista Roadie Crew, para quem não sabe.

Vamos ao meu:

Ano que começou a ouvir metal: 1999/2000

Primeiro álbum de metal que comprou: Roots - SEPULTURA

Melhor álbum de metal de todos os tempos: Beneath the Remains - SEPULTURA

Último álbum que comprou: Mano Blues - VASCO FAÉ

Um álbum que mudou a sua vida: Musique - THEATRE OF TRAGEDY

Álbum que mais ouviu na vida: Beneath the Remains - SEPULTURA

Melhor capa de disco: Black Sabbath - BLACK SABBATH

Álbum que você daria para seu inimigo: RHAPSODY -
qualquer um

Álbum que gostaria de ter gravado: White Album - THE BEATLES

Música que gostaria de ter gravado: Troops of Doom - SEPULTURA

Álbum dos anos 70 que recomendaria: Black Sabbath - BLACK SABBATH

Álbum dos anos 80 que recomendaria: Beneath the Remains - SEPULTURA

Álbum dos anos 90 que recomendaria: Arise - SEPULTURA

Álbum dos anos 2000 que recomendaria: Memorial - MOONSPELL

Quatro bandas que você chamaria para um festival: Sepultura, Moonspell, My Dying Bride, Anathema

Música que você mais gosta de escutar: Mass Hypnosis - SEPULTURA

Melhor Show: Sepultura no Festival de Verão de Salvador, 2004

Pior show: Angra no APR de 2006.

Ídolo da Música: Andreas Kisser

Ídolo fora da música: Noam Chomsky

Música que definiria sua vida: Dekadance - MOONSPELL

Música que gostaria que tocasse em seu funeral: Lower the Flags - SENTENCED / One Last Goodbye - ANATHEMA

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

SEPULTURA confirma 3 shows na Índia

Notícia que acabei de postar no Novo Metal. Como a pesquisa foi minha, irei postar aqui também.

SEPULTURA confirma 3 shows na Índia

O Sepultura confirmou hoje que realizará 3 shows na Índia no fim de outubro e começo de novembro. A Índia será o 40º país visitado pela banda na turnê do Dante XXI, que somará, ao fim dos 3 shows indianos, 167 apresentações desde o mês de março de 2006. Antes de ir para o segundo mais populoso país do mundo, o Sepultura tocará em Cuiabá no próximo sábado dia 29 e dia 15 de outubro em Medelín, Colômbia (39º país na tour do Dante XXI). Esta será a primeira vez que a banda irá tocar na Índia, além disso, a turnê do Dante XXI proporcionou ao Sepultura a ida a outros 8 países onde a banda nunca tocara antes: Bulgária, Estônia, Chipre (onde o Dante XXI foi disco de ouro), Luxemburgo, Macedônia, Sérvia, Paraguai e Uruguai.

Andreas Kisser já anunciou que ainda este ano a banda se reunirá em Belo Horizonte para começar a escrever as novas músicas que farão parte do sucessor do Dante XXI. Este novo álbum, que será o primeiro com o baterista Jean Dolabella, deverá ser lançado no primeiro semestre de 2008.

Confira abaixo a agenda da banda:

. 29.09.2007 Cuiabá, MT - Brasil

. 15.10.2007 Medellin - Colombia

. 28.10.2007 Delhi - India

. 31.10.2007 Shillong - India

. 03.11.2007 Bangalore - India

domingo, 23 de setembro de 2007

Recife



Devido a comentários, irei postar algo com conteúdo um pouco diferente hoje.

Recife

Recife de ruas belas,
Cidade de minha infância.
Recife cidade linda,
Cheia de fragrância.

Veneza das Américas,
Teus rios, pontes e canais
São partes do cenário que nos atrai.

Repleta de história,
És marco de uma era.
Ficarás sempre na memória,
Deste simples que te venera.

Rua da Aurora,
Rua do Sol e do Imperador
São todas sinônimas do teu esplendor.

Importante na colônia.
Essencial para Nassau.
Ainda hoje és referência nacional.

Tua importância não tem limites,
É universal!
Tua existência é um orgulho mundial

Recife, és meu berço.
Por ti conservo grande apreço.
Recife, és a razão
Que faz bater meu coração

sábado, 22 de setembro de 2007

Servo da solidão




Servo da solidão

Toma-me para ti
Oh solidão que me persegue
Enche-me com teu vazio
Preenche-me de tristeza

Faz de mim teu escravo
Que não sorri
Não vê mais a alegria das coisas
Apenas melancolia sem fim

Entrego-me a ti, oh solidão
Leva-me para o teu mundo
De sombras e amarguras
Onde a luz não tem brilho nem cor

Ofereço-me sem luta
Cansado de buscar
A felicidade que nunca existiu
A esperança que me abandonou

Tu, oh solidão
Ingrata companhia
Presença indesejada
Venceste mais essa batalha

Aprisiona a minha alma
Junta-a a tua coleção
De aflição, desespero
E dor profunda

Solidão, implacável
Obedeço às tuas ordens
Meu ser amargurado
É agora apenas mais dos teus servos

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Marcha da Morte







Only Death is real!

Marcha da Morte

Brumas negras
Ofuscam os raios solares
Trazem a noite em pleno dia

Ventos frios e inóspitos
Surgem com a escuridão
E espalham receio

O mundo é tomado pelo terror
As pessoas se desesperam
Perante a força das trevas

Cavaleiros perversos
Marcham sobre a Terra
Subjugando tudo que encontram

Em ofensiva imbatível
As tropas do mau
Conquistam o poder

Fazem da morte soberana
As sombras como caminho
E a crueldade como única realidade.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Um dia fora do comum

Algo novo para mim, nunca havia escrito nada neste gênero. Espero que gostem e comentem!

Um dia fora do comum

Acordei bem cedo, com o sol batendo em meu rosto e o suor entrando em meus olhos. Maldita terra de calor infernal! O ar-condicionado está quebrado, o ventilador não dá vencimento. E eu me esqueci de comprar uma nova persiana, mas de hoje não passa. Levanto-me lentamente, quase que sem querer. Meu cachorro se anima, balança o rabo, faz seu costumeiro som de quem pede algo. Já sei, já sei, você quer comida, não é? Ele corre em direção à cozinha, eu ando na direção do banheiro para lavar o rosto. Ele volta, chama minha atenção, ele é a prioridade e não eu. Tá certo, tá certo, vamos colocar seu café da manhã (vejam que cachorro cheio de mordomia, ele toma café da manhã enquanto muitos seres humanos passarão o dia com o estômago vazio no mundo inteiro, mas não preciso ir muito longe, basta andar até a esquina que encontrarei alguns cheirando cola e pedindo esmolas no sinal).

Cachorro alimentado, embora nunca satisfeito, volto-me para meus afazeres rotineiros. Lavo o rosto, escovo os dentes, relembro a minha programação do dia e vou à cozinha. Não costumo comer muito pela manhã, sei que os médicos sempre dizem, O café da manhã é a principal refeição do dia, porém eu nunca fui uma pessoa que segue as orientações médicas e os conselhos para uma vida saudável. Apenas um copo de suco de tamarindo, muito ácido para se tomar de estômago vazio? Sim, talvez, mas eu já disse que não me preocupo em levar uma vida saudável, vivo e deixo que a vida de em retorno aquilo que eu procurei em minhas ações e opções.

Café da manhã resolvido, é hora de levar o cachorro para passear. O pobre já está desesperado, não me deixa em paz um segundo. Pego na coleira, que alegria imensa, ele pula, late, balança o rabo. São essas pequenas coisas que nos dão prazer na vida, não há nada mais animador do que você ver um animal contente e expressando toda a sua alegria. Caminho pela rua tranqüilamente, na medida do possível, claro, afinal sou puxado constantemente, ora para uma árvore, ora para um poste ou canto de um muro. Estou distraído e sinto aquele puxão, ele me leva para trás de forma brusca. Era uma cadelinha, bem novinha e da mesma raça do meu, que passeava com sua bela dona. E lá vai ele se socializar com a cadelinha. Eu fico lá parado, sem graça, digo um Oi, bom dia, respondido educadamente por ela, Oi, bom dia. E meu cão todo animado, 'conversando' com sua nova amiga. Nova? Sim elas (dona e cadela) são novas por estes lados. Que pessoa simpática, vai logo conversando, apresenta-se e começamos a caminhar juntos, conhecendo-nos melhor. Os cães se deram bem, os donos também.

Domingo de sol, céu azul de brilho intenso, belo dia pela frente. Uma nova e belíssima amiga, educada, simpática. Então faço a pergunta, O que você vai fazer hoje? Eu?, pergunta ela, e prossegue, Não tenho nada programado, na verdade, iria passar a manhã em casa, lendo e à tarde ligaria para alguma amiga e ver o que tem de bom. Gosta de praia?, eu pergunto, Estava pensando em ir à praia, mas não tenho companhia (mentira, eu havia marcado com uns amigos para tomarmos umas geladas antes de irmos torcer por mais uma vitória do nosso glorioso time, porém a prioridade agora é outra e o programa de domingo pode ser alterado sem problemas). Sim, gosto, ela responde. Então, vamos à praia?, faço o convite, Posso te pegar daqui a meia hora? Sim, tudo bem, vai ser legal, adoro praia, diz ela demonstrando mais interesse.

Deixo-a à frente de seu prédio, que fica pouco à frente do meu, e volto para casa sorridente, animado. Se fosse um cachorro estaria a pular e a balançar meu rabo de felicidade. Que bela, pele levemente dourada, cabelos lisos e claros abaixo dos ombros (mas não muito longos), corpo torneado e de curvas sensuais. Já em casa, preparo uma dose de uísque 12 anos, com duas pedras de gelo, para me acalmar e controlar um pouco a tensão. Não consigo parar de pensar naquela bela mulher, tão simpática, que vai comigo à praia e, por mim, não será a última de nossas saídas. Bebo minha dose, tomo um banho, visto uma sunga, bermudão, camiseta regata, pego a chave do carro e torço para que meu dia seja agradável.

Como ela disse que gosta de Pink Floyd, então coloco Anathema para tocar no som do carro (garanto como deste álbum ela vai gostar). Ela já me aguarda na portaria do prédio. Que linda!, penso. Ela entra no carro, sorri, que sorriso encantador (novamente apenas em pensamento), e um pouco depois pergunta o que está tocando. Anathema, eu disse, Não conheço mas essa música é legal (sabia que ela ia gostar, não tem como não gostar de One Last Goodbye). Seguimos então, a praia é perto, não levamos 10 minutos para chegar, curta distância, curto espaço de tempo, mas o suficiente para passarmos por vários semáforos e vários seres humanos marginalizados, excluídos de nossa sociedade; são pessoas de um mundo completamente diferente, que nossa sociedade egoísta faz questão de ignorar e só lembrar quando alguém vem pedir esmola junto ao seu carro ou então quando aponta uma arma para a sua cabeça. Há uma linha tênue e invisível que separa esses dois mundos, porém reflexo de um abismo enorme na distribuição de renda, das riquezas e a total falta de respeito e prioridade ao ser humano.

Chegamos à praia, sentamos e começamos a tomar uma cerveja. O papo se desenrola, um assunto puxa o outro, um autor, um livro, um pensamento, idéias e visões que vão se encaixando. Convido-a para darmos um mergulho. Deixo-a seguir ligeiramente à frente, para que possa admirar um pouco de sua beleza, suas curvas sinuosas, perigosamente sinuosas... Ela olha para trás, presenteia-me com mais um de seu encantador e fascinante sorriso, e me chama para ver quem chega primeiro à água. Corro e digo que chego primeiro do que ela, embora esteja para trás. Ela disse que quem perdesse pagaria o jantar. Como? Será que ouvi direito, ela falou em jantar? Mal podia acreditar em que acabara de ouvir, ainda desnorteado com tamanha surpresa, corro alegremente para a água, contudo nem um pouco preocupado em chegar primeiro, pois em minha cabeça só imaginava aonde iria levá-la à noite.

Vai pagar o jantar, vai pagar o jantar, brincou ela celebrando sua "vitória". Mesmo tendo perdido a "corrida", eu ainda me sentia um vencedor, afinal acabara de conquistar uma bela mulher. Sem muita cerimônia, coloco meus braços ao redor dela, trago-a para junto de mim e a beijo intensamente. Que momento único de puro prazer e deleite; que beijo sensacional, quando meus lábios tocaram os dela, nossas línguas se entrelaçaram, foi como se o tempo tivesse parado e o mundo ao meu redor deixado de existir. O que era aquilo que estava sentindo??? Aproveitei aquele momento como se fosse o último, todos os beijos que se seguiram foram aproveitados com a mesma intensidade como se se tratasse do primeiro e último.

Saímos da água, pagamos as cervejas consumidas. Fui deixá-la em casa, à portaria mais um intenso e acalorado beijo. À noite eu passo aqui para te pegar, por volta das 20h fica bom para você?, perguntei a ela, Sim, está perfeito, olha que quero ver se você vai me levar a um lugar que eu gosto, viu?, ela respondeu, com a típica pressão que apenas as mulheres sabem fazer em um homem. Lá fui eu para casa, agora preocupado em não estragar tudo escolhendo o restaurante errado. Aonde eu vou levá-la?, essa foi a pergunta que perseguiu pelo resto do dia.

Algumas doses de uísque 12 anos, com duas pedras de gelo, ao longo do dia ajudaram a escolher um local. É, não podia ser outro, este seria o local ideal para levara alguém com quem se sai pela primeira vez, calmo, recatado, aconchegante. No som de casa o bom e velho Sepultura, um som agitado para manter a adrenalina no ponto certo.

Começo a me arrumar. Cuido de todos os detalhes, faço a barba, penteio bem o cabelo, escolho uma calça jeans, minha camisa do All Blacks que cai muito bem com um jeans e fica legal para se sair à noite, e um perfume, muito perfume, pois ela já dera a entender que gosta de homens muito cheirosos.

Chego ao prédio dela, ela não está na portaria. Dou um toque em seu celular, digo que a estou aguardando, ela, educadamente, pede desculpas e diz que já vai descer. 3 minutos contados no relógio de espera (será que sou maluco ou apenas impaciente?) e ela chega, sedutora, estonteante, uma blusa realçando o corpo, uma saia jeans mostrando suas belas pernas; meu coração bate mais forte. Ela entra no carro e me dá mais um de seus beijos apaixonantes. E aí, aonde vamos?, perguntou ela. Aguarde e você verá, eu respondi.

Saímos da cidade, levo-a para uma cidade próxima, mas com um clima completamente diferente, mais ameno, vento frio que pede um bom vinho tinto do Porto e nos convida a comer algo quente. Eis que chegamos a nosso destino, um restaurante suíço, pequeno, íntimo, acolhedor. Já comeu fondue?, pergunto. Não, nunca, mas sempre tive vontade, responde ela com um sorriso de quem gostou da surpresa.

Sentamos à mesa, pedimos o vinho do Porto da safra de 1999, uma boa safra. Vinho é o néctar dos deuses, um Porto 1999 é um boa pedida para se beber ao lado de uma bela deusa. O fondue chega à mesa, espero pela opinião dela... Adorei, muito bom!, diz ela ao se deliciar com o primeiro pedaço de pão molhado com a mistura de queijos derretidos, vinho e outros ingredientes que compõem o fondue. Conversamos, nos beijamos, nos conhecemos um pouco mais. Ela me diz que não esperava por algo tão envolvente e encantador, que eu consegui surpreendê-la. Sem dúvida foi uma noite que pode ser descrita como agradável, uma porta aberta para muitas outras.

Na volta para casa, vejo se há alguma possibilidade de estendermos a noite. Ela, muito esperta, compreende minhas intenções e diz, Você gosta de acelerar as coisas, não é? Eu respondo, Não, estou indo apenas a 80 km/h. Ela sorri e diz, Muito engraçado, porém comigo você vai ter que se acostumar a ir a 40km/h, viu? Sim, não há problema algum, com você vou até a 20 km/h, contanto que esse dia de hoje se repita muito mais vezes.

Paro junto à portaria do seu prédio, beijo-a mais uma vez intensamente, sentindo seus lábios reconfortantes junto aos meus, sua língua sedosa e excitante se entrelaçar a minha. O mundo pára novamente, tudo ao meu redor deixa de existir e apenas aquele singelo ato passa a ter valor. Tenha uma boa noite, linda. Boa noite para você também e obrigada por hoje, ela se despede e desce do carro. Passo a primeira marcha, tiro pé da embreagem, acelero, pé na embreagem, passo a segunda marcha, tiro o pé da embreagem, acelero... Volto para casa que nem sinto meu corpo, meus pés, apenas penso no dia e especialmente na noite magnífica.

E assim terminou meu dia, começou como apenas mais um dia em minha vida, com meus rotineiros hábitos do cotidiano e se desenrolou de uma forma completamente inesperada, apaixonantemente inesperada. Que belo dia, um domingo de sol, céu azul de brilho intenso; uma noite de céu estrelado, cintilante... Um convite ao amor.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Melancólico sol da meia-noite


Algo que escrevi há cerca de um ano e meio. Espero que gostem e comentem.

Melancólico sol da meia-noite

Fria noite de verão glacial
Brilho fosco de esperança
Pequeno ponto no horizonte
Translúcido nicho de ilusão

Gélidos sonhos sob o sol da meia-noite
Ímpeto salvador incongruente
Entorpecido vigilante da noite
Nobre sonhador, pobre sonhador

Espírito noturno
Errante companheiro
Augusto parceiro
Das travessias sem fim

Platéia silenciosa
Silêncio!
Platéia em êxtase
Sonhos, fantasias

Caminhada incansável
Caminhante implacável
Sob o lampejo da turva luz
Que emana deste nebuloso céu

O frio que te aquece a alma
O calor que arrefece teus pensamentos
O ambiente que te inspira
A vida que te fascina

Realidade fictícia
Ficção factual
Loucura, insanidade
Triste tentativa de fugir à realidade

Rende-te poder do sol noturno
Gelado, petrificado
Este é o domínio do sol soturno
Deprimente, melancólico.

sábado, 8 de setembro de 2007

A Escola de Frankfurt e a Indústria Cultural

Mais uma matéria que escrevi para o Novo Metal. Agora compartilho com vocês aqui no Blog.

A Escola de Frankfurt e a Indústria Cultural

Escola de Frankfurt foi o nome dado ao grupo de pensadores, filósofos e cientistas sociais alemães que se dedicaram aos estudos de variados temas que compreendiam desde os processos civilizadores modernos e o destino do ser humano na era da técnica (ou tecnologia) até a política, a arte, a música, a literatura e o cotidiano. Dentro desses temas, chamaram à atenção para a extrema importância da mídia (meios de comunicação) como fomentador da cultura de mercado e formadora do modo de vida contemporâneo. Dentre os grandes pensadores desta Escola, podemos citar Theodor Adorno, Max Horkheimer, Hebert Marcuse, Erich Fromm e Walter Benjamin. Destacamos os dois primeiros, Adorno e Horkheimer, criadores de um conceito base para os estudos culturais: a indústria cultural.

Adorno e Horkheimer no livro Dialética do Iluminismo apontaram um novo conceito com relação à cultura e a massificação da cultura. Na visão deles a “cultura para a massa” não passava de uma simples industrialização da cultura, ou seja, haveria o uso da racionalidade técnica (a tecnologia) a serviço da dominação ideológica. Apontavam, assim, o conceito de Indústria Cultural, que seria, portanto, um mecanismo de massificação da opinião, dos gostos e da necessidade de consumo. Na Indústria Cultural tudo passa a ser um produto de mercado (inclusive o ser humano [reificação, a coisificação do homem]), a verdadeira preocupação não é transmitir informações ou conhecimento, mas sim vender, cada vez mais, produtos e idéias homogeneizadas, a fim de se obter o lucro acima de (quase) tudo.

A cultura sob as regras da Indústria Cultural passa a ser apenas mercadoria, um produto a ser vendido e explorado comercialmente. A arte, a música, a literatura se transformam em meros produtos com o objetivo de serem difundidos comercialmente e vendidos como se fossem um pacote de feijão em uma prateleira de supermercado. Perde-se o valor e a essência da criação cultural, isto não é o mais importante. O que realmente importa é enlatar, rotular e vender o "produto" em um grande centro de compras.

Dentro da Indústria Cultural, para que o mercado atinja o seu principal objetivo (o lucro), existe uma peça fundamental a ser explorada: a alienação do povo. É da alienação que se aproveita a Industria Cultural para massificar os seus produtos. Ao massificar e homogeneizar gostos e necessidades de consumo, o mercado aprofunda a alienação, ao alimentar-se e alimentá-la em uma troca bilateral e mútua. A passividade e o conformismo são frutos desta alienação.

Como diz o professor Francisco Rüdiger, os pensadores frankfurtianos criticavam a cultura de massa não porque ela é popular, mas sim porque esta cultura mantém as marcas da exploração e da dominação das massas, fato que ocorre desde as origens da história. E, como também diz o citado professor, os frankfurtianos não criticavam a tecnologia nem os avanços tecnológicos, mas sim o seu emprego, ou seja, os objetivos por trás da utilização das novas tecnologias. Podemos afirmar, então, que a Indústria Cultural é opressora, determina até onde vai o livre arbítrio do indivíduo ao submetê-lo à dominação ideológica que coloca frente a frente: classes dominantes > classes populares. A cultura de massa é marca da imposição e exploração da dominação de classes.

A Música e as Gravadoras na Indústria Cultural

Walter Benjamin apontou, em A Obra de Arte na Era de Suas Técnicas de Reprodução, para a perda da aura da obra de arte. Para Benjamin as tecnologias que permitiram a fácil reprodutibilidade das obras de arte fizeram com que estas perdessem sua aura de serem exclusivas e únicas. A música, que já no século XX, tornou-se mais uma mercadoria a ser reproduzida e vendida em larga escala, também perdeu a sua aura e, de certa forma, a sua essência.

"Na medida em que multiplicam a reprodução, substituem a existência única da obra por uma existência serial", afirmou Benjamin na supracitada obra. Quem nunca reparou que o CDs de música contêm um código de série? Ao se comprar um CD a pessoa está adquirindo um produto em série. E o código de série (que pode conter letras e números) serve de controle para o dono da loja e, especialmente, para a gravadora que lançou o CD no "mercado", que tem o grande cuidado em controlar as vendas e saber os números do "mercado fonográfico". Em 1935 Walter Benjamin apontava para esta realidade, a reprodução em série das obras de arte e a sua relação com a indústria.

Benjamin acreditava no poder de democratização da cultura e do conhecimento , ele via como positivo o controle da cultura por parte das massas. Adorno, por sua vez, não negava o potencial democrático da tecnologia empregada a serviço da cultura, porém sua análise crítica sempre apontou para o indevido uso das técnicas, que rumavam no sentido inverso àquele que Benjamin acreditava ser possível.

Para Adorno não haveria a democratização da cultura porque simplesmente essa democratização não servia aos interesses dos capitalistas (aí inseridas as corporações do entretenimento, nas quais as gravadoras). A Indústria Cultural como meio de controle das massas não permitiria que as massas assumissem o controle da cultura, idéia na qual acreditava Benjamin.

As gravadoras são as empresas que controlam o sistema do mercado da música. São as gravadoras, entidades privadas e com o objetivo de lucro, que se utilizam e se beneficiam do poder da reprodução em série e da difusão massiva da música. Como uma empresa, a gravadora faz parte das corporações do entretenimento, que têm como objetivo tirar proveito comercial do "seu produto". O músico/artista se torna dependente da gravadora para poder mostrar a sua obra, o seu trabalho; a população (que é o público alvo, o indivíduo massa) se torna refém e alvo das campanhas publicitárias e da difusão em massa daquilo que interessa às gravadoras, o que, em uma perspectiva de mercado de larga escala, quase sempre não é sinônimo de qualidade musical.

A publicidade é uma das formas através das quais as gravadoras exercem a manipulação da opinião e dos gostos, a massificação dos produtos. A publicidade nada mais é que o instrumento através do qual se atinge o público alvo, o consumidor; é através do seu poder de persuasão que se estabelece a massificação. A persuasão é a principal arma para se atingir o conformismo e se diluir a consciência. O Rádio, a TV e a imprensa escrita com a divulgação e a veiculação de um determinado "produto" também são preponderantes no processo de manipulação da opinião e na indução ao consumo.

A Música e os seus rótulos

Para se obter boas vendas e um bom retorno no mercado é necessário que se tenha claro qual o público a ser atingido. As gravadoras fazem suas pesquisas e análises de campo para estudarem o mercado. Para se vender bem é preciso saber a quem vender. E para isso é preciso enlatar e rotular a música, para que ela seja colocada na prateleira certa a fim de atingir diretamente e eficazmente o seu consumidor.

Em relação ao mercado do Heavy Metal, temos os "rótulos". Os vários e incontáveis sub-gêneros de Heavy Metal que podem ser encontrados. Para as gravadoras é muito mais interessante dividir em sub-gêneros e rotular um determinado trabalho musical para colocá-lo em uma prateleira, pois desta forma as vendas certamente são facilitadas e as propagandas mais eficazes. Para a indústria não existe o cidadão, nem o ser humano, o que existe é um público alvo, um mero consumidor, um indivíduo massa a ser induzido ao consumo, a gastar dinheiro e alimentar a Indústria e o mercado. E os rótulos são facilitadores da indução ao consumo.

Qual fã de Heavy Metal nunca se deparou diante de uma discussão quase interminável sobre a determinação do "estilo" de uma certa banda? Para dar um exemplo, quem nunca parou para explicar, ou tentar entender, as diferenças entre o Death Metal, Technical Death Metal, Brutal Death Metal, Melodic Death Metal, Black/Death Metal, Blackened Death Metal, Death/Thrash Metal, Doom/Death Metal... Ufa! Quem não conhece pessoas que se deixam levar pelos rótulos ao invés de se preocuparem exclusivamente em ouvir a música? Quem não procura em revistas ou na internet informações sobre bandas e se preocupam sempre em saber qual o "estilo" da tal banda? Qual banda iniciante que, antes mesmo de fazer o seu primeiro show, não define qual o "sub-gênero" em que pretende ser inserida? São os rótulos... E nós somos o indivíduo massa que se deixa levar pelos interesses das gravadoras e todas as empresas envolvidas e interessadas na indústria do Heavy Metal (que, acreditem, é rentável e movimenta milhões de dólares anualmente em todo o planeta).

Existe banda "comercial" ou banda "vendida"?

Honestamente, qual é a banda (que pretende se levar à sério) que dedica tempo e gasta dinheiro em ensaios, instrumentos, etc., para apenas ficar na garagem de casa ou no estúdio do bairro? Qual a banda que se propõe a tocar em um show, gravar o seu CD-demo se não é para divulgar o seu trabalho? Qual integrante de banda não tem o interesse de um dia assinar com uma gravadora e lançar o seu álbum?

A banda que não pretende nada do que está exposto no parágrafo acima, pode se considerar "não-comercial" e "não-vendida". Todas as outras... Bem-vindas ao mercado, ao comércio e às vendas. São todos uns vendidos e comerciais. Seja em larga escala (milhares e milhões de cópias vendidas) ou em pequena escala (dezenas ou centenas de cópias vendidas). A música posta à venda, está no comércio, logo é comercial.

Contudo, é evidente que não podemos comparar uma banda que apenas pretende divulgar o seu trabalho (e o vender, claro) com outra que é instrumento da indústria fonográfica para vender de forma massificada. É como se Adorno negasse a importância da tecnologia, o que não era o caso. Ele apenas criticava o emprego da tecnologia. O mesmo se aplica às bandas que estão no mercado, no comércio. Brincadeiras à parte, as bandas "comerciais", em um sentido amplo são aquelas bandas que surgem como produto das gravadoras ou se tornam produtos das gravadoras (em determinado momento de suas carreiras) a serviço da massificação dos gostos e opiniões, são as bandas "pop", que no Heavy Metal também existem. Quem vai negar o perfil "pop" de uma banda como o Metallica ou o Iron Maiden? É evidente que eles fazem músicas e lançam CDs pensando acima de tudo no mercado consumidor, até por exigência de suas gravadoras, que investem muito em todo o processo que vai da gravação até a venda e a divulgação dos álbuns.

Ou seja, em sentido mais restrito, todas as bandas são comerciais a partir do momento em que se colocam no mercado (comércio), mas em um sentido mais amplo, a banda "comercial" seria aquela que se preocupa acima de tudo com o mercado e não obrigatoriamente com a qualidade da sua obra, uma vez que na Indústria Cultural sucesso comercial não pressupõe qualidade artística ou musical.

MP3 e internet: a democratização da música?

Como já foi mencionado, Walter Benjamin acreditava no potencial da democratização da cultura e do conhecimento, desde que o controle estivesse sob o comando das massas. Adorno se opunha a esta idéia, não por negar o potencial da tecnologia em democratizar a cultura, mas por não acreditar que as empresas envolvidas na indústria cultural pemitissem esta democratização.

E o que seria a tecnologia do mp3 e o compartilhamento de músicas através da internet? É inquestionável o poder revolucionário do mp3 e do compartilhamento de músicas através da internet. Certamente Walter Benjamin ficaria muito contente ao ver o uso desta tecnologia a serviço do controle das obras culturais por parte das massas. Não há nada mais democrático do que dividir e partilhar uma música com milhões de pessoas através da grande rede mundial de computadores.

Contudo, o combate das gravadoras aos mp3 e aos usuários que compartilham música através da internet é incansável! As empresas do mercado fonográfico não se deixam abater e mantêm uma luta ininterrupta que já leva anos contra usuários, tentando criminalizar aqueles que dividem e partilham músicas através da internet. E não é que Adorno tinha razão em sua crítica?! As grandes empresas não dão descanso às massas e não querem perder o controle da cultura.

Benjamin estava certo ao acreditar na democratização da cultura através do controle das massas sobre a mesma. Porém Adorno em seu ácido realismo estava ainda mais certo: enquanto houver esta relação de poder e este sistema de mercado, as empresas jamais permitirão que as massas se libertem das amarras do controle da indústria cultural.