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sábado, 29 de dezembro de 2012

Meus álbuns preferidos em 2012


Como faço todos os anos, gosto de elaborar uma lista com os meus álbuns preferidos do ano. Em 2012, o mais difícil foi decidir se consideraria o Alpha Noir/Omega White do Moonspell apenas com um álbum ou se dividiria em dois e, assim, ocupariam os dois primeiros lugares da relação. Optei pela divisão, já que são dois álbuns distintos, cada um apresentando um lado das duas faces que compõem o repertório musical dos portugueses. Passado isso, a questão: qual dos dois colocar em primeiro? Bem, a escolha foi pelo Alpha Noir pois a própria banda optou por esse álbum como sendo o principal, uma vez que o Omega White vem como um bônus. Apesar dessa divisão, para mim é impossível dizer qual dos dois eu prefiro mais.

Enfim, segue a lista com os meus dez álbuns preferidos no ano de 2012:

      1.      Alpha Noir – Moonspell
      2.      Omega White – Moonspell
      3.      Tragic Idol – Paradise Lost
      4.      Weather Systems – Anathema
      5.      Phantom Antichrist – Kreator
      6.      A Map of All Our Failures – My Dying Bride
      7.      House of Gold & Bones part 1 – Stone Sour
      8.      Dark Roots of Earth – Testament
      9.      Dead End Kings – Katatonia
      10.  The Scarred People – Tiamat

Alpha Noir – Moonspell



Os portugueses do Moonspell sempre foram uma banda que estiveram à frente do seu tempo. Começaram a carreira praticando um Black Metal com pitadas de elementos de música portuguesa, o que os diferenciava das demais bandas do gênero na Europa. Em seguida, consolidaram-se como um dos pioneiros do denominado Gothic Metal ao incorporarem ao seu som novas características, como o Gothic Rock e o Darkwave. A cada álbum a banda inovava e se renovava, mas alguns elementos musicais sempre estiveram presentes em sua sonoridade: o peso e a agressividade dos riffs de guitarra e dos bumbos da bateria se equilibravam com o soturno, a melancolia e o atmosférico dos teclados e dos vocais sussurrados e graves de Fernando Ribeiro.

Completando 20 anos em 2012, o Moonspell resolveu se dividir em dois. Ao invés de tentar buscar o equilíbrio tênue entre o peso e a melodia introspectiva, os portugueses decidiram dar vida às duas personalidades que sempre conviveram em harmonia no interior do grupo.

De um lado, veio ao mundo o lado negro da força do Moonspell, o peso e a agressividade dos riffs das guitarras, os vocais guturais e rasgados de Fernando Ribeiro, e o bumbo duplo comento no centro. É o Alpha Noir.

Os fãs do bom e velho Moonspell não têm motivos para reclamar. Os elementos do Black e Death Metal característicos do grupos são encontrados em faixas como “Lickanthrope” e “Versus”. E eles ainda encontraram espaço para inovar. Riffs de Thrash Metal foram incorporados, dando uma pegada ainda mais dilacerante ao som. Músicas como a faixa-título “Alpha Noir” e “Axis Mundi” estão aí para comprovar.

Quem curtiu álbuns como Memorial e Night Eternal encontra um Moonspell seguindo o direcionamento do Metal extremo, em toda a sua plenitude. Se nos dois antecessores, lançados em 2006 e 2007 (respectivamente), ainda havia espaço para faixas mais harmônicas e introspectivas, em Alpha Noir só há lugar para uma coisa: porrada! Do início ao fim.

Liricamente, a banda continua sublime. “Em Nome do Medo”, letra toda em português, fala da necessidade que as pessoas têm de romper com os medos para seguirem adiante. Em uma Europa em crise, o Moonspell clama aos seus fãs por um “novo mundo”, com um “novo código”.

Omega White – Moonspell



Ao mesmo tempo em que o Moonspell soltou toda a sua negritude e sua agressividade em Alpha Noir, o álbum Omega White foi o espaço em que a banda pôde explorar toda a sua veia poética, romântica e introspectiva. Em 1998 muitos fãs da banda torceram o nariz para o espetacular Sin/Pecado, álbum em que a banda deixou um pouco de lado o Heavy Metal e partiu em uma viagem mais introspectiva, explorando novos elementos musicais e com uma abordagem lírica mais filosófica. Em 2001, o Darkness and Hope trazia de volta um pouco do peso, mas ainda mantinha latente a preferência da banda pelo sombrio, mais do que pela agressividade.

Em Omega White o Moonspell recupera um pouco destes dois álbuns. Lindos arranjos e belíssimas harmonias. Fernando Ribeiro solta a voz, explorando toda a sensualidade de seu vocal grave. O teclado está em evidência e se o Alpha encontra refúgio e se baseia nos riffs de Ricardo Amorim, o Omega é cria da sensibilidade dos teclados de Pedro Paixão.

Estamos diante de um disco cativante e belo. Difícil mencionar apenas algumas faixas, mas músicas como “Whiteomega”, “Fireseason”, “New Tears Eve”, “Incantatrix” e “A Greater Darkness” mostram bem como o Omega White, mais do que um álbum, é uma celebração ao lado Gótico do Moonspell, em que a beleza do soturno se sobrepõe à agressividade.

Tragic Idol – Paradise Lost



O final dos anos 1980 e começo dos anos 1990 ficaram marcados pelo surgimento de três bandas britânicas que se tornaram ícones do denominado Death/Doom Metal. Uma dessas bandas era o Paradise Lost, dois anos mais velha que My Dying Bride e Anathema. Das três, apenas o My Dying Bride se manteve mais próximo da sonoridade inicial, enquanto as outras duas exploraram novas influências musicais ao longo de suas carreiras. O Paradise Lost logo incorporou elementos que viriam a caracterizar a banda de Halifax como uma das pioneiras do Gothic Metal (ao lado do Moonspell e outras).

Após o aclamado Draconian Times, um dos maiores clássicos do Metal até os dias atuais, o Paradise Lost foi deixando um pouco de lado o peso do Death/Doom e abriu espaço ao Gothic Rock, flertando também com elementos de música eletrônica. Algo que nunca faltou ao som do grupo foi a melancolia, sempre presente e latente.

Desde 2005, entretanto, o Paradise Lost foi traçando um caminho de volta ao Gothic/Doom que o consagrou. E o álbum Tragic Idol é a consagração de uma sequência de álbuns sensacionais: In Requiem e Faith Divides Us – Death Unites Us.

Em Tragic Idol o Paradise Lost aprimora a mescla das influências do Rock Gótico com os elementos mais pesados dos tempos do Gothic/Doom Metal que levou a banda ao topo em meados dos anos 1990. Riffs pesados, teclados dando uma sonoridade atmosférica e obscura, e um Nick Holmes em grande forma, com um vocal mais agressivo.

Faixas como “Crucify”, “Fear of Impending Hell”, “To The Darkness” e “Tragic Idol” mostram bem a mescla entre o Gótico e o Doom do Paradise Lost. Enquanto músicas como “Theories From Another World” e “In This We Dwell” evidenciam o peso e a agressividade das composições de Gregor Mackintosh.

Atmosférico, sombrio, pesado, agressivo e ao mesmo tempo melancólico. É assim que podemos resumir este grande álbum do Paradise Lost.

Weather Systems – Anathema



O Anathema é uma banda com trajetória bastante curiosa: uma das pioneiras e maiores destaques do Death/Doom Metal, foi passando por uma metamorfose musical a partir do álbum Eternity (1996), em que a influência de Pink Floyd começou a aflorar, até chegar ao Atmospheric Rock, onde os elementos de Heavy Metal praticamente não se fazem notar, dando espaço para as nítidas influências de Pink Floyd, Radiohead, Porcupine Tree, Portishead etc.

Se eu fosse resumir o álbum Weather Systems em apenas uma palavra, eu diria: belíssimo! É mesmo assim que este álbum pode ser definido: pela beleza marcante de suas canções, pelo encanto de suas letras – a perfeita harmonia entre melodias cativantes e letras tocantes.

A sequência de abertura do álbum é magistral. As faixas “Untouchable, Parts 1 e 2”, são fantásticas. Certamente podem figurar entre as melhores músicas da carreira do Anathema, podendo ser relacionadas ao lado de “A Dying Wish”, "Fragile Dreams”, “One Last Goodbye” e ”Temporary Peace” e “Dreaming Light”.

Além de “Untouchable, Parts 1 e 2” não se pode deixar de mencionar “Lightning Song”, “The Calm Before the Storm”, “The Begining and the End” e a intimista “Internal Landscapes”, que fecha o álbum. De registrar que Lee Douglas tem muito mais espaço e sua bela e sua voz pode ser ouvida com maior evidência.

Entre 2003 (A Natural Disaster) e 2010 (We’re Here Because We’re Here) o Anathema deixou os seus fãs por sete anos esperando ansiosos por um álbum novo de inéditas. Após o sublime We’re Here Because We’re Here, a banda não demorou muito para presentear seus admiradores com mais um lançamento magnífico. Weather Systems é um belíssimo álbum.

Phantom Antichrist – Kreator



O Kreator sempre foi a minha banda de Thrash Metal alemã preferida. Na realidade, os caras sempre estiveram entre as minhas bandas preferidas de todas. Desde a fase do Thrash Metal dos anos 1980 que se encerrou com o Coma of Souls (1900), passando pelos experimentalismos dos anos 1990 (é curioso como várias bandas de Metal resolveram experimentar novas sonoridades ao longo da última década do Séc. XX). Em 2001 o Kreator voltou ao Thrash Metal, mas soube se modernizar. Foi um retorno sem se prender ao passado, com o lançamento do petardo Violent Revolution, um clássico da banda.

De lá para cá, o Séc. XXI tem se mostrado de grande criatividade na trajetória destes alemães de Essen. Do Violent Revolution em diante, o Kreator tem presenteado os fãs do Thrash Metal com clássicos atrás de clássicos. Enemy of God (2005), Hordes of Chaos (2009) e o mais recente e fantástico Phantom Antichrist.

Em Phantom Antichrist, o Kreator traz novamente a bem sucedida fórmula dos álbuns lançados neste século, apresentando um Thrash Metal vigoroso, pesado e agressivo, porém moderno e com claras influências de Heavy Metal tradicional, com um trabalho melódico mais bem elaborado e cuidadoso. O Kreator consegue de forma coesa manter suas características agressivas e incorporar melodia ao caos de seus riffs.

Ventor faz um grande trabalho na bateria. Sami Yli-Sirnio demonstra toda a sua técnica e a importância que tem no direcionamento moderno da sonoridade da banda. Enquanto Mille Petrozza nos faz, mais uma vez, ver por que ele é um dos maiores riff-makers do Thrash Metal, sem falar de sua versatilidade nos vocais – dos rasgados, passando pelos urrados, chegando ao vocal limpo (como na magnífica “From Flood Into Fire”).

Após a intro “Mars Mantra”, o álbum abre com a faixa-título fazendo você bater cabeça incessantemente, com seus riffs dilacerantes e o refrão agressivo. Na sequência, a não menos pesada “Death to the World”. Os refrões marcantes e empolgantes são marca da banda e isso se destaca em “Civilization Collpase” (que se inicia com um trabalho mais rítmico de Ventor na bateria) e “United in Hate” (com uma bela intro de violão). Por fim, não se pode deixar de “Your Heaven, My Hell” (que exalta bem essa mescla do Thrash Metal com o Metal tradicional, com riffs menos secos e mais melódicos e um belo solo de guitarra) e “Victory Will Come”.

Phantom Antichrist é um álbum muito bom, que mostra um Kreator cada vez mais senhor desse novo estilo em que enveredou nos anos 2000. Pesado, agressivo, melódico e épico. É o melhor álbum da banda? Não. Mas, sem dúvida, é o melhor álbum de Thrash Metal de 2012.

A Map of All Our Failures – My Dying Bride



Das três bandas que formaram a “tríade” do Death/Doom Metal britânico, apenas o My Dying Bride manteve sua sonoridade mais próxima ao Doom Metal ao longo de toda a sua carreira. Enquanto Anathema e Paradise Lost mudaram completamente, o My Dying Bride jamais abandonou suas raízes. Claro, nos anos 2000 a banda esteve mais para o Gothic/Doom do que para o Death/Doom originário, mas o “down-tempo”, os riffs pesados e sombrios, o clima tétrico e melancólico sempre esteve presente.

Completando 22 anos de carreira, o My Dying Bride compôs um de seus melhores trabalhos em sua vasta e excelente discografia. A Map of All Our Failures, 12º álbum de estúdio dos britânicos de Halifax, soa como um resumo histórico de toda a trajetória dos mestres do Death/Doom Metal.

Guitarras pesadas, com riffs sombrios e tétricos, em que Andrew Craighan e Hamish Hamilton fazem um grande trabalho harmônico. Shaun McGowan com seu violino e os teclados se encarrega de dar o clima fúnebre e atmosférico. A cozinha é precisa, com passagens mais cadenciadas e rítmicas e outras mais rápidas, com alguns blasts de Death Metal (como na faixa de abertura “Kneel Til Doomsday”).

E o que falar do inigualável Aaron Stainthrope? Mais do que a voz do My Dying Bride, Aaron é a alma da banda. Poucos vocalistas conseguem exprimir através de sua voz o som do silêncio, a beleza das sombras, a emoção da melancolia. Cativante, marcante, emocionante.

Não há nenhuma banda que seja capaz de transformar a melancolia em algo tão belo como o My Dying Bride. Em A Map of All Our Failures o My Dying Bride mostra, mais uma vez, toda a beleza e o encantamento do soturno. Escutem “The Poorest Waltz”, “A Tapestry Scorned”, “Like A Perpetual Funeral”, “Hail Odysseus” e “Abandoned As Christ” para compreenderem um pouco deste sentimento.

House of Gold & Bones part 1 – Stone Sour



House of Gold & Bones part 1 é o quarto álbum de estúdio do Stone Sour, banda que conta com Corey Taylor (vocalista do Slipknot), Jim Root (guitarrista do Slikpnot) e Roy Mayorga (que fez uma tour europeia com o Sepultura em 2006, após a saída de Iggor Cavalera). Além deles, completa a banda o guitarrista Josh Hand. Para o baixo, Rachel Bolan, do Skid Row, foi convidado para gravar o álbum.

Desde que conheci o Stone Sour, no álbum Come What(ever) May, tornei-me um admirador da banda. Inevitável não virar fã da versatilidade de Corey Tailor. Quem espera algo parecido com o Slipknot, pode esquecer. No Stone Sour, Corey mostra todo o seu potencial, variando entre o vocal limpo e passagens mais agressivas. Eu diria que o Corey Tailor do Stone Sour é muito melhor que o Corey Tailor do Slipknot.

Idealizado para ser um álbum duplo, House of Gold & Bones terminou sendo dividido em dois. A primeira parte foi lançada em 2012, enquanto a segunda ficou para 2013. Conhecendo a discografia do Stone Sour, posso dizer House of Gold & Bones part 1 não só manteve o alto nível da banda, como foi ainda mais longe, aprimorando a sonoridade dos caras.

Estamos diante de um grande álbum de Rock, ora flertando com o Hard Rock, ora flertando com o que podemos denominar de “Radio Rock” (aquele Rock de melodia pegajosa que toca facilmente em qualquer FM). Mas, ao contrário de seus antecessores, em House of Gold & Bones part 1 o Stone Sour foi mais fundo em suas influências de Heavy Metal e este álbum pode ser facilmente considerado o mais pesado de sua discografia.

Rock, Hard Rock, Metal e, claro, baladas. Tudo de primeira qualidade. É isso que se encontra neste álbum. O destaque não pode deixar de ser a performance de Corey Tailor. Mas não seria justo não mencionar as boas linhas de guitarra, com alguns riffs bem pesados, em algumas passagens que fazem bater cabeça incessantemente, e também bons solos. Roy Mayorga faz um grande trabalho, sendo bem acompanhado pelo baixo de Rachel Bolan.

“Gone Sovereign”, “Absolute Zero”, “A Rumor of Skin”, “The Travelers” (as duas partes), “Tired” e “Tacitum” são minhas faixas preferidas.

House of Gold & Bones part 1 não podia ficar de fora da minha lista de preferidos do ano. E a julgar pela primeira parte, é de se esperar que a parte 2 venha a figurar na lista de 2013.

Dark Roots of Earth – Testament



Formada inicialmente sob o nome de Legacy, apenas em 1986 o Testament assumiu sua identidade atual. Entre 1987 e 1992, a banda lançou cinco grandes álbuns de Thrash Metal. A partir de então, curiosamente, o grupo traçou um guinada para o Death Metal (Low e Demonic), fechando os anos 1990 com o excelente The Gathering, que eu considero mais um Death/Thrash Metal (com o mestre Dave Lombardo na bateria).

Passados nove anos sem um álbum de inéditas e já com o retorno do maestro Alex Skolnick nas guitarras, o Testament lançou o The Formation of Damnation, em 2008. Quatro anos depois, a banda apresenta o espetacular Dark Roots of Earth, álbum que pode figurar facilmente entre os melhores da discografia do grupo (pelo menos já é um dos meus preferidos).

Os trabalhos da dupla Eric Peterson e Alex Skolnick são espetaculares! Riffs poderosos e galopantes, solos sensacionais. A presença de Gene Hoglan na bateria dá um acréscimo de peso ao som da banda, compondo uma grande cozinha com Greg Christian. Chuck Billy, por sua vez, mostra toda a sua versatilidade e deixa claro porque é um dos maiores vocalistas de Thrash Metal da história.

Em Dark Roots of Earth vemos um Testament que solidifica o seu “retorno” ao Thrash Metal, mas sem deixar de flertar, em alguns momentos, com o Death Metal que marcou a sonoridade da banda nos anos 1990 e também com o Heavy Metal tradicional, influência originária da banda.

O álbum abre com uma dupla “Rise Up” e “Native Blood” arrasadora! Seguida pela faixa-título e a empolgante “True American Hate”. Ainda há espaço para uma balada, “Cold Embrace” e para “Man Kills Mankind”. A versão deluxe do álbum traz três covers – Dragon Attack (Queen), Animal Magnetism (Scorpions) e Poweslave (Iron Maiden), esta última simplesmente espetacular.


Dead End Kings – Katatonia



Com 21 anos de carreira, os suecos do Katatonia chegam em 2012 com o seu nono álbum de estúdio, Dead End Kings. Longe vão os tempos do Death/Doom Metal dos primórdios da carreira (que bem no início ainda tinha espaço para um quê de Black Metal, as primeiras demos e o álbum Dance of December Souls não deixam negar). Porém, há uma característica marcante na sonoridade do Katatonia: a cativante melancolia, embalada pelo tom atmosférico de suas músicas.

Dead End Kings trata com delicadeza a melancolia e o soturno, em sua atmosfera sombria e relaxante, unindo elementos cada vez mais evidentes do Prog Metal com o Depressive Rock que fez a banda ser rotulada por alguns de Despair Rock – um bom termo para tentar resumir a sonoridade dos suecos.

“The Parting” e sua introdução de violoncelos abrem de forma magistral o álbum, seguida por “The One You Are Looking For Is Not Here”, com participação de Silje Wergeland do The Gathering, lembrando um pouco o Anathema atual (com a vocalista Lee Douglas). “Hypnone” dá um tom sombrio. A faixa mais pesada do álbum é “Buildings”, sem dúvida a mais Metal de todas. “Undo You” e “Leathen” também merecem destaque. “Dead Letters” encerra o álbum com um tom progressivo e pesado, deixando claro o direcionamento atual do Katatonia.

Em Dead End Kings o Katatonia mostra sua maestria em compor canções melancólicas que misturam com perfeição elementos do Metal com o Rock mais depressivo e progressivo. Um salve para o excelente trabalho do guitarrista Andy Nystrom e o soberbo vocal de Jonas Renkse.

The Scarred People – Tiamat



A Escola do Death Metal sueco é muito forte e apresentou ao mundo algumas das melhores bandas do gênero. Em 1990, o Tiamat lançou o álbum Summerian Cry, um clássico do estilo. Mais dois álbuns se seguiram e consolidaram a banda dentre os principais nomes do Death Metal. Em 1994, as influências de Pink Floyd vieram à tona no Wildhoney, que marcou a separação do Tiamat da sonoridade inicial e traçou um caminho que se caracterizaria pelo aprofundamento nas experimentações e inovações. Death, Doom, Gothic Metal, Gothic Rock, Psicodelismo e Blues... A banda não se poupou em experiências.

Em 2008, após um hiato de cinco anos, o Tiamat voltou a gravar um álbum, Amanethes, em que retomava um pouco ao Metal, após dois álbuns (Judas Christ e Prey) claramente Gothic Rock.

The Scarred People é o mais novo lançamento dos suecos. Atmosférico, psicodélico, pesado, sombrio e sinfônico. Dessa forma se pode resumir este álbum. O Tiamat resolve passar um pouco por muitas de suas influências, com faixas mais pesadas dividindo espaço com outras mais introspectivas e ainda algumas onde a influência de Pink Floyd aflora.

Neste novo trabalho, os suecos mostram um pouco do que seria um encontro entre Pink Floyd, The Sisters of Mercy, Type O Negative, com uma pitada de Heavy Metal. Ou se você preferir buscar referências na própria discografia da banda, imagine uma mistura de Wildhoney com Prey. Assim terá uma boa noção do que é o The Scarred People, em que Johan Edlund mostra toda a sua genialidade, com um grande trabalho de orquestração, belas linhas de teclado, para não falar de sua voz singular e emocionante.

A faixa-título abre o álbum da melhor forma possível, com sua introdução épica e pesada. “Radiant Star” apresenta um grande solo de guitarra (bem ao estilo Blues Rock) e um teclado dando um tom sinfônico. “Love Terrorists” é espetacular! Começa numa linha bem Pink Floyd, psicodélica, e culmina em riffs pesados. “Messinian Letter” tem um início Bluesy, mas logo descamba para uma sonoridade meio country, meio Gothic Rock. “Thunder & Lightning” nos remete ao Judas Christ e Prey, com sua sonoridade mais Gótica. “The Red of the Morning Sun” encerra o álbum em clima mais ameno e tranquilo, sendo uma faixa que encaixaria muito bem no Wildhoney. 

Em suma, se você curte a trajetória do Tiamat a partir do Wildhoney, gosta de álbuns como Judas Christ (meu preferido, confesso) e Prey, The Scarred People é imperdível.
 
Expectativas para 2013

Na realidade, tenho apenas uma expectativa: o novo álbum do Sepultura, que deverá começar a ser composto no primeiro semestre e deve vir a ser lançado no segundo semestre de 2013. Será o primeiro trabalho de Eloy Casagrande na banda e estou bastante curioso por ouvir o que este pequeno “monstro” da bateria pode aprontar nas novas composições.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Meus álbuns preferidos em 2011

Chega o fim do ano e se tem uma coisa que eu gosto de fazer é elaborar essas listas “melhores álbuns do ano”. Contudo, eu prefiro chamar de álbuns preferidos, pois, assim, evitam-se discussões por algo tão subjetivo que são os gostos e as preferências musicais.

Ao contrário do ano passado, quando senti alguma dificuldade em fechar a lista de “10 álbuns preferidos de 2010” e fiquei em apenas oito lançamentos (sendo um deles uma “forçada de barra”, como eu mesmo escrevi), esse ano a minha maior complicação foi definir a lista com apenas dez lançamentos.

Pois bem, após pensar bastante e lamentar deixar alguns nomes de fora, seguem, abaixo, a relação e, na sequência, meus comentários sobre cada álbum.

            1.       Kairos – Sepultura
            2.       Unto the Locust – Machine Head
            3.       Worship Music – Anthrax
            4.       3rd Round Knockout – Chrome Division
            5.       The Beginning of Times - Amorphis
            6.       Aphotic – Novembers Doom
            7.       Surtur Rising – Amon Amarth
            8.       Th1rt3en – Megadeth
            9.       A Fragile King - Vallenfyre
            10.   Evinta – My Dying Bride

Kairos – Sepultura


Clássico!

É assim que eu resumiria “Kairos”, se me pedissem para descrever o álbum em única palavra. Para mim, trata-se de mais um clássico da maior banda brasileira de todos os tempos, Sepultura.

Enquanto fã do Sepultura, sinto-me extremamente realizado por, finalmente, poder colocar um álbum dos caras no topo da minha lista, desde quando comecei a fazer essas listas, lá pelos idos de 2002. Mas é isso, “Kairos” é um álbum que nasce clássico e foi o meu lançamento preferido no ano de 2011.

Em julho postei aqui no blog uma resenha mais detalhada do álbum - http://emanuel-junior.blogspot.com/2011/07/resenha-kairos-sepultura.html – quem quiser, pode conferi-la. O que vocês lerão no presente texto, será um resumo daquela resenha.

“Kairos” é o melhor álbum do Sepultura desde o Chaos A.D., superando seus antecessores – Dante XXI e A-Lex, que são dois grandes álbuns também.

“Kairos” é um petardo! Depois de muito tempo, o Sepultura voltou a lançar um álbum com aquela pegada mais Thrash Metal, com riffs palhetados, solos de guitarra bem elaborados (no quesito solos, eu diria que se trata, sem a menor dúvida, do melhor trabalho do Andreas desde o Arise), bateria arregaçadora (Jean matou a pau!), vocais furiosos (o melhor trampo do Derrick no Sepultura), e boas linhas de baixo.

Pensado para ser uma retrospectiva dos 27 anos de carreira da banda, “Kairos” é, marcantemente, uma mistura da pegada Thrash Metal do Arise com o Groove do Chaos A.D., mas nos remetendo também a alguns timbres do Beneath the Remains, à percussão e cadência do Roots e a passagens mais sombrias do Dante XXI e A-Lex.

Em julho, eu tinha dificuldade para apontar qual seria a minha música favorita do álbum. Hoje eu posso apontar as minhas favoritas: “Kairos”, “Relentless”, “Mask”, “Seethe”, “Born Strong” e “No One Will Stand”.

Esse foi o álbum que mais escutei em 2011. Se brincar, escutei mais este álbum do que todos os outros juntos. Portanto, não poderia escolher outro para o primeiro lugar que não fosse o “Kairos”.

Unto the Locust – Machine Head


Bendito seja o Sepultura!

Vocês não devem ter entendido, né? Passo a explicar. Desde quando eu vi o clipe da música “From This Day”, há muitos anos, passei a ter preconceito com o Machine Head. Mesmo quando eles lançaram “Through the Ashes of Empires” e “The Blackening”, eu não dei uma chance aos caras. Foi preciso, então, o Sepultura anunciar uma tour sul-americana com o Machine Head e eu decidir que iria ver o show em São Paulo, para eu poder escutar o trabalhos dos americanos.

Então, é graças ao Sepultura que eu passei a conhecer a discografia do Machine Head, incluindo os excelentes “Through the Ashes of Empires” e “The Blackening”.

Quando o “Unto the Locust” foi lançado, eu já sabia o que esperar: mais um grande trabalho da banda que é, sem dúvidas, uma das mais criativas e competentes em todo o cenário do Heavy Metal mundial.

“Unto the Locust” é uma verdadeira obra-prima! Desde as primeiras audições, tornou-se meu álbum preferido do Machine Head.

Pesado, melódico, cadenciado, complexo, épico. A banda consegue, em cada uma de suas longas sete faixas, mostrar como é possível reunir elementos tão díspares em uma única cação, sem torna-la cansativa, e é isso o que torna “Unto the Locust” tão fascinante.

É um álbum extremamente pesado variando entre os riffs matadores e supersônicos do Thrash Metal e passagens mais cadenciadas, marcadas por riffs com grooves sombrios e arrebatadores, uma marca registrada da banda. Ao mesmo tempo, a banda consegue harmonizar tudo isso com melodias bem elaboradas, trazendo passagens mais melódicas e refrões em coros.  Além disso, os solos de guitarra são fantásticos e servem de pontes entre as diversas passagens das músicas.

Destacam-se as performances de Robb Flynn (tanto na guitarra, quanto nos vocais – em nítida evolução, podendo explorar muito mais a sua versatilidade), Phill Demmel nas guitarras (trazendo aqueles duos Thrash Metal dos tempos do Vio-Lence) e Dave McClain (que fez um excelente trabalho na bateria).

“I Am Hell (Sonata in C#)” abre o álbum de forma inusitada, com Robb Flynn cantando em latim à capela (ele que teve aulas de canto, o que se nota de forma positiva logo na abertura), mas que logo dá lugar ao seu vocal gutural acompanhado por riffs demolidores, primeiro com bastante groove, depois passando para um thrash metal matador.

“Be Still and Now” traz clara influência de Iron Maiden, algo que já se notava nos últimos álbuns da banda, principalmente na harmonia incial.

“Unto the Locust” (primeiro single) começa com um dedilhado suave, que depois dá lugar a uma sequência matadora de riffs e groove, sendo, também, marcado por um grande trabalho de Dave McClain. A música ainda varia com trechos mais cadenciados e melódicos, com grande arranjo no refrão, e solos de guitarras épicos, em que Robb Flynn e Phill Demmel fazem um grande duo.

“This is the End” começa com um dedilhado de violão clássico, dando logo passagem para viradas de bateria e riffs palhetados espetaculares, tendo uma pegada quase Death Metal. O refrão é bem melódico e o solo de guitarra é sensacional.

“Darkness Within” é a balada do álbum, ou aquilo que podemos considerar balada para o Machine Head, e apresenta um Robb Flynn maduro nos vocais, plenamente consciente de suas capacidades. “Pearls Before The Swine”  é bem pesada, começa em alta rotação e tem grandes variações de riffs.

Por fim, fechando com chave de ouro, a épica “We Who Are”. A música já começa de forma interessante, com um coral de crianças cantando. Depois entra o vocal gutural de Robb Flynn e a música, mostra-se, mais uma vez, épica, variando com perfeição passagens pesadas e agressivas com partes melódicas, sem falar do refrão “pegajoso” que faz você se imaginar cantando num show deles (pena não terem tocado essa música na tour sul-americana). O dueto nos solos de guitarra também se destaca, vindo pouco antes de a música voltar a uma parte mais cadenciada, com o coral de crianças entrando novamente antes de mais um refrão. E, finalizando, a bateria marca a entrada dos violinos, que dá um tom mais calmo e sombrio à música e à conclusão do álbum.

Em suma, se o “The Blackening” colocou o Machine Head como um dos maiores nomes do Heavy Metal atual, o complexo e extremamente criativo “Unto the Locust” consolida a banda no topo e deixa claro que eles estão aí para ficar por muitos mais anos.

 Worship Music – Anthrax



Foram necessários vinte e um anos para que pudéssemos ouvir, novamente, Joey Belladonna nos vocais de um álbum do Anthrax (o último tinha sido “Persitence of Time”, de 1990). Além disso, foram oito anos de espera por um novo lançamento, de músicas inéditas, por parte do Anthrax, desde “We’ve Come For You All” (o último com John Bush), de 2003.

Sei que é um clichê, mas é deveras pertinente para o caso: a espera valeu muito a pena! E valeu a pena por ambas as condições: “Worship Music” é uma excelente sequência do “Persistence of Time”, é como se o Anthrax tivesse voltado no tempo e, ao invés de ter lançado o “Sound of White Noise” (em 1993, já com John Bush nos vocais), lançasse este petardo que é o “Worship Music”; ao mesmo tempo, e sem ser contraditório, o lançamento de “Worship Music” em 2011 é positivo, pois traz-nos um Anthrax amadurecido, combinando muito bem as características da banda nos anos 80, com aquela pegada Thrash/Speed Metal, com a percepção melódica que obtiveram ao longo dos anos 90.

Para além dos excelentes trabalhos de Scott Ian (verdadeiro “riff master” e grande compositor) e de Rob Caggiano (forma uma grande dupla com Scott Ian; seus solos são muito bons, como em “Fight’Em Till You Can’t”; não esquecendo da produção, que também ficou por conta dele), a volta de Joey Belladonna é o ponto notável. O trabalho de Belladonna em “Worship Music” é fantástico, com sua voz poderosa, inclusive com passagens que nos lembram do saudoso Dio, quase como se se tratasse de um tributo ao mestre que nos deixou.

“Worship Music” nos apresenta um Anthrax mais Thrash Metal, focado na velocidade (característica marcante da banda nos anos 80), mas, principalmente, no peso. Músicas como “The Devil You Know”, “Fight’Em Till You Can’t” (a minha favorita, desde a primeira audição – pesada, rápida, refrão pegajoso e solo espetacular), “I’m Alive”, “The Giant”, “Judas Priest” “The Constant” e “Revolution Screams” (esta ainda tem como “hidden track” um cover de Refused, “New Noise”) merecem destaque (ou seja, quase todas).

Por fim, digo que “Worship Music” não é apenas um dos meus álbuns preferidos do ano, sendo, também, o meu álbum preferido de toda a discografia do Anthrax. Acertaram em cheio!

3rd Round Knockout – Chrome Division



Imaginem a seguinte cena: Lynyrd Skynyrd, Motörhead e AC/DC vão a um bar tomar umas cervejas com Dimmu Borgir, Old Man’s Child, e ainda contam com uma pitada de Heavy Metal tradicional e Thrash Metal no amendoim que serve de tira-gosto.

Imaginaram? Então, é mais ou menos isso que temos no Chrome Division, um “Motörhead malvado” ou um Rock’n Roll extremamente pesado, com elementos que vão desde o Blues Rock ao Metal extremo.

“3rd Round Knockout” é o terceiro álbum do grupo, que conta com Shagrath (vocalista do Dimmu Borgir) na guitarra, Tony White (ex-Old Man’s Child) na bateria, Björn Luna no baixo, Rick Black na guitarra e Shady Blue (vocalista do Susperia) nos vocais. Por sinal, este é o primeiro álbum com Shady Blue, que substituiu Eddie Guz.

A mudança de vocalista, inclusive, é uma característica marcante em “3rd Round Knockout”, pois Shady Blue tem um estilo completamente diferente de Eddie Guz, diria que é mais melódico e menos Rock. Por um lado, a banda perdeu aquele toque mais “canastrão” do vocal à la Lemmy (Motörhead), por outro, ganhou um vocalista mais seguro nas partes melódicas, permitindo uma sonoridade mais próxima ao Southern Rock.

Ao mesmo tempo em que “3rd Round Knockout” é o álbum mais melódico da banda, o peso e agressividade dos riffs se fazem presentes (como em “Zombies & Monsters”), para além do bom humor nas experimentações com o Blues/Country (como em “The Magic Man”).

Extremamente difícil apontar as músicas favoritas deste álbum, mas eu ficaria com “Join the Ride”, “Zombies & Monsters”, “Fight”, “Long Distance Call Girl” e “Satisfy My Soul” (minha preferida, com bons riffs, grande refrão, solo muito bom e letra muito bem humorada). Não posso deixar de fazer menção ao cover de Johnny Cash, “Ghost Riders in the Sky”, muito bom.

The Beginning of Times – Amorphis



Na cena do Heavy Metal mundial várias são as bandas que começaram praticando um estilo e, ao longo da carreira, foram mudando consideravelmente a sua sonoridade. O Amorphis é uma dessas bandas, talvez fazendo jus ao seu nome, derivado de amorfo (sem forma definida), a banda começou a carreira tocando Death Metal e, com o passar dos anos, foi flertando com diversos gêneros musicais, do Doom Metal ao Folk Metal, passando pelo Heavy Metal até o Rock Progressivo.

“The Beginning of Times” é o décimo álbum de estúdio dos finlandeses e o quarto com o vocalista Tomi Joutsen. Curiosamente, a partir do álbum “Eclipse” (de 2006) que marca a entrada de Tomi Joutsen na banda, o Amorphis vem mantendo uma sequência musical, apresentando aos fãs um som marcantemente melancólico, que varia do peso e agressividade a momentos com arranjos mais climáticos e introspectivos.

Do Death Metal Melódico ao Folk Metal e Rock Progressivo, com belos arranjos de teclado e sintetizadores,  “The Beginning of Times” mostra um Amorphis amadurecido, apresentando um álbum sólido, coeso e único.

As composições baseadas nos teclados dão uma atmosfera mais grandiosa às músicas, para além de momentos mais sombrios e introspectivos. As pitadas de Folk apresentam um lado épico às músicas, enquanto que os vocais Death Metal dão um tom mais brutal e agressivo a algumas passagens do álbum.

Destaco “Battle For Light”, “Mermaid” (essa é quase um Pop-Rock, mas de belíssima composição), “You I Need”, “Song of the Sage” (bem Progressiva, claramente influenciada por Jethro Tull), “Three Words” (marcada pelo teclado bem Rock Progressivo, mas com passagem mais brutal, com bons arranjos vocais), “On A Standred Shore” (melancólica e introspectiva; belo duo com o vocal feminino) e “Crack in A Stone” (uma das mais belas composições do álbum, mostrando como a banda consegue, em uma única música, flutuar do Progressivo ao Death Metal, de melodias melancólicas a passagens agressivas, de forma impecável).

Para aqueles que, como eu, gostam dos álbuns mais recentes do Amorphis, “The Beginning of Times”, com suas agradáveis melodias, seus riffs agitados e explosivos, e bons vocais (tanto limpo, quanto gutural/agressivo), é uma ótima pedida.

Aphotic – Novembers Doom



“Aphotic” é o oitavo álbum de estúdio dos mestres do Death/Doom Metal norte-americano, Novembers Doom. E este álbum “desprovido de luz” (afótico) marca, de certa forma, o retorno da banda a uma sonoridade mais soturna e melancólica, após um flerte maior com o Death Metal nos dois últimos lançamentos. “Aphotic” mostra o Novembers Doom de volta ao Death/Doom Metal, ao invés daquele passo em direção ao Novembers Death (desculpem-me pelo trocadilho), como em “The Novella Reservoir” e “Into Night's Requiem Infernal”.

Tal qual em “The Pale Haunt Departure”, em “Aphotic” o Novembers Doom consegue equilibrar com maestria as suas influências de Doom e Death/Doom Metal com a pegada e a agressividade do Death Metal.

Faixas como a belíssima “Buried” (o vocal limpo Paul Khur é emocionante e o solo de guitarra é espetacular), a balada “What Could Have Been” (com participação de Anneke van Giersbergen, ex-The Gathering) e “Six Sides” (com seus riffs à la My Dying Bride) mostram bem a excelente face Death/Doom Metal da banda.

Ao passo que, faixas como “The Dark Host” e “Harvest Scythe” mostram toda a agressividade e pegada Death Metal dos caras.

“Shadow Play” fecha o álbum de forma magnífica, sendo a síntese perfeita à tese (Death/Doom Metal) e antítese (Death Metal) que “conflitam” na banda, mostrando de forma equilibrada essas duas faces marcantes dos norte-americanos.

Harmonizando a melodia melancólica, introspectiva e soturna do Death/Doom Metal com a agressividade e o peso do Death Metal, “Aphotic” é um excelente álbum de Death/Doom Metal.

Surtur Rising – Amon Amarth



Com quase 20 anos de carreira, “Surtur Rising” é o oitavo álbum de estúdio dos suecos do Amon Amarth. Neste novo lançamento, a banda não traz nada de novo à sua sonoridade, ou seja, mantem o grande nível de seu Death Metal Melódico, com passagens épicas.

Contando a história de Surtur, o gigante de fogo da mitologia nórdica, o Amon Amarth apresenta um álbum pesado e agressivo, ao mesmo tempo, melódico e épico. As guitarras se destacam com riffs potentes e solos magníficos; a cozinha mantém o pique acelerado, com o bumbo duplo da bateria comendo solto; e o vocal Johan Hegg é espetacular (diria que é um dos melhores guturais do mundo, na atualidade).

Destaco “War of the Gods” (pesada e épica) “Destroyer of the Universe” (peso, velocidade, agressividade e grande melodia – talvez a melhor música do álbum), “Slaves of Fear” (Death Metal Melódico de primeira qualidade), “Live Without Regrets” (aqui nota-se por que Hegg é um dos melhores do mundo no vocal gutural), “The Last Stand of Frej” (cadenciada, melódica e épica), “For Victory of Death” (rápida e agressiva, com bom solo de guitarra) e “A Beast Am I” (porrada no pé do ouvido!).

A banda disponibilizou, como faixas bônus, três covers, em diferentes versões do álbum - “War Machine” do Kiss, “Balls to the Walls” do Accept, e “Aerials” do System Of A Down. Escutei a versão de “Aerials” do System Of A Down e digo: ficou fantástica! Eu gosto de System Of A Down, porém, impossível não afirmar que a versão de Amon Amarth ficou muito melhor que a original – ganhou em peso, agressividade.

Para quem curte Death Metal e Death Metal Melódico, “Surtur Rising” é um álbum que não pode deixar de ser escutado.

Th1rt3en – Megadeth



Décimo terceiro álbum de estúdio do Megadeth, “Th1rt3en” é o primeiro álbum após o retorno de David Eleffson, que voltou à banda em 2010 (David Ellefson não gravava com a banda desde “The World Needs a Hero”, de 2001, o último álbum do Megadeth antes da “pausa” em 2002).

Podemos dizer que em “Th1rt3en” o Megadeth tenta mesclar elementos dos mais recentes “United Abominations” e “Endgame” com o clássico “Countdwon to Extinction”, muito embora, frise-se, “Th1rt3en” esteja mais próximo, em termos de qualidade, dos seus dois predecessores do que do clássico.

Apesar de estar longe de ser um clássico do Megadeth, “Th1rt3en” é um álbum que traz todos os elementos aos quais os fãs de Dave Mustaine e do Megadeth já estão acostumados. Riffs matadores, solos de guitarra muito bons e excelente cozinha, com o notável e agradável retorno de David Ellefson. É o bom e velho Heavy/Thrash Metal do Megadeth.

“Public Enemy No. 1” é, de longe, a melhor faixa do álbum; é aquela que poderá constar do setlist regular da banda nos próximos anos. Além dessa, destaco “Sudden Death” (que abre muito bem o álbum), “Whose Life (Is It Anyways?)”, “Never Dead”, “New World Order”, “Black Swan” e “Deadly Nightshade”.

A Fragile King – Vallenfyre



“A Fragile King” é o primeiro album do Vallenfyre, projeto idealizado por Gregor Mackintosh (guitarrista e membro-fundador do Paradise Lost) que, ao perder seu pai, resolveu extravasar seus sentimentos compondo músicas mais voltadas para o Death Metal. Contou, logo de início, com a parceria de Hamish Hamilton, guitarrista do My Dying Bride. Gregor Mackintosh além das guitarras, também assume os vocais na banda. Completam o grupo Adrian Elardsson (At The Gates, Paradise Lost, Brujeria) na bateria, Mully na guitarra (sim, são três guitarristas) e Scoot no baixo.

Em “A Fragile King”, Mackintosh e companhia nos apresentam um Death Metal cru, com nítidas influências do Death Metal old-school escandinavo. Em algumas passagens, entretanto, nota-se um quê de Doom Metal, principalmente pela cadência e pela sonoridade sombria e melancólica, remetendo-nos, inclusive aos primórdios Death/Doom Metal do próprio Paradise Lost, como na demo “Frozen Illusion” e nos três primeiros álbuns “Lost Paradise”, “Gothic” e “Shades of God”.

Destaco as músicas “All Will Suffer”, “Ravenous Whore”, “A Thousands Martyrs”, “Seeds”, “My Black Siberia” e “The Grim Irony”.

Embora não traga nada de novo para o cenário do Death Metal, “A Fragile King” é um bom álbum de Death Metal. Além disso, em Vallenfyre descobrimos o excelente vocal gutural de Gregor Mackintosh.

Evinta – My Dying Bride



Em 2010, um dos precursores e maiores ícones do Death/Doom Metal, My Dying Bride, completou 20 anos de carreira. Para celebrar este marco, o vocalista e líder da banda, Aaron Stainthorpe, idealizou um álbum especial e único. Este álbum é o “Evinta”, que deveria ter sido lançado no final de 2010, mas só ganhou vida em maio de 2011.

“Evinta” é um álbum em que Aaron pega melodias já conhecidas do My Dying Bride e dá novos arranjos a elas, juntamente com novas passagens e recitações. Para acompanhar Aaron nos vocais, temos a belíssima voz da soprano francesa Lucie Roche. “Evinta” traz-nos, portanto, o tom soturno e melancólico característico do My Dying Bride em uma versão completamente nova, com seus arranjos sinfônicos e orquestrados.

Para quem é fã de longa data do My Dying Bride, ouvir “Evinta” e reconhecer melodias de “Your River”, “She is the Dark” ou “For You” é um verdadeiro deleite.

Em “Evinta”, o My Dying Bride, através do gênio de Aaron Stainthorpe, mostra-nos toda a beleza e todo o encantamento do soturno. Eu diria que apenas uma banda como o My Drying Bride seria possível de transformar a melancolia em algo tão belo, cativante e emocionante. Escutem “In Your Dark Pavilion”, “Of Lies Bent With Tears” ou “Vanité Triomphante” se quiserem compreender um pouco deste sentimento.

Belíssimo!

Expectativas para 2012

Minha maior expectativa para 2012 é o novo álbum do Moonspell, até agora denominado “A.N.” (segundo a banda, são as iniciais do título). Os portugueses assinaram, recentemente, com a Napalm Records, que será a responsável pela distribuição do álbum, a ser lançado, provavelmente, até abril do próximo ano.

Em abril também teremos o novo álbum do Paradise Lost, “Tragic Idol”, que a banda promete trazer mais influências de Doom Metal e também Metal clássico, além de já ter anunciado que será um pouco mais melódico, porém sem perder o peso do seu antecessor.

Outro álbum que aguardo é o do Kreator. Mille Petrozza afirmou que a banda trabalha em 10 músicas e que será o álbum mais épico dos caras, com influências de Heavy Metal tradicional e, claro, muita dose de Thrash Metal. O Kreator deve entrar em estúdio em janeiro.