quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Meus álbuns preferidos em 2010

Geralmente fazem-se listas de “10 melhores” ou coisa do gênero.

Contudo, embora tenha escutado muito mais do que 10 álbuns lançados em 2010, não me senti à vontade em listar os meus 10 preferidos, por uma simples razão: poucos foram os lançamentos que realmente eu considerei muito bons.

Por conta disso, e após uma pequena forçada de barra, cheguei a oito lançamentos, que seguem abaixo.

Mechanize – Fear Factory

Petardo!

Quando eu soube que Dino Cazares havia retornado à banda e, mais, o novo álbum contaria com Gene Hoglan na bateria, eu sabia que só podia esperar pelo melhor. E não deu outra, “Mechanize” é, sem a menor dúvida, um dos melhores álbuns do Fear Factory. Podem me chamar de exagerado, mas eu coloco esse álbum ao lado dos clássicos “Soul of a New Machine” e “Demanufacture”.

“Mechanize” é um álbum que consegue harmonizar com perfeição melodia, técnica e peso.

Por falar em peso, que guitarras são essas?! E essa bateria? Dino Cazares voltou com tudo! E Gene Hoglan com sua performance monstruosa, deixou a sua marca. Diria que esses dois são os maiores responsáveis pelo retorno dos elementos de Death Metal à sonoridade do Fear Factory, deixando um pouco de lado o “groove”, exaltando mais a pancadaria mesmo.

A faixa-título abre o álbum de forma matadora, deixando bem clara a pedrada que está a caminho. Para além desta, meus maiores destaques vão para “Industrial Discipline” “Powershiftter” e “Controlled Demoliton” (nessas duas últimas de ressaltar a perfeita harmonia entre peso, melodia e o vocal Burton, variando do extremo ao limpo com maestria).

“Mechanize” deve ter sido o álbum que mais escutei em 2010. Não foi por acaso. Não é só um dos melhores álbuns do ano, eu diria que é um dos melhores álbuns já lançados nos anos 2000.


We’re Here Because We’re Here – Anathema

7 anos. Longos 7 anos separaram o ultimo álbum de inéditas do Anathema, “A Natural Disaster”, de seu novo lançamento, “We’re Here Because We’re Here”. Valeu a pena!

O Anathema é uma banda com trajetória bastante curiosa: uma das pioneiras e maiores destaques do “Death/Doom Metal”, foi passando por uma metamorfose musical a partir do álbum “Eternity” (1996), onde a influência de Pink Floyd começou a aflorar, até chegar ao “Atmospheric Rock”, onde os elementos de Heavy Metal praticamente não se fazem notar, dando espaço para as nítidas influências de Pink Floyd, Radiohead, Porcupine Tree, Portishead etc.

Se eu tivesse que resumir “We’re Here Because We’re Here” em apenas uma palavra, eu diria: belíssimo. É mesmo assim que este álbum pode ser definido: pela beleza marcante de suas canções, pelo encanto de suas letras – a perfeita harmonia entre melodias cativantes e letras tocantes.

“Dreaming Light” (“Suddenly life has new meaning / Suddenly feeling is being /And you shine inside / And love steals my mind like the sunrise / Dreaming light of the sunrise…”) já pode ser colocada na lista das mais belas canções que o Anathema compôs. Certamente figura entre as minhas músicas preferidas da banda, ao lado de clássicos como “A Dying Wish”, "Fragile Dreams”, “One Last Goodbye” e ”Temporary Peace”.

Além de “Dreaming Light”, posso citar também como pontos altos do álbum (embora seja complicado, por ser tão equilibrado e bem harmonizado) “Everything”, “Angels Walk Among Us” (com participação de Ville Valo, HIM) e “A Simple Mistake”.

A longa espera de sete anos foi recompensada com um belíssimo álbum. Contudo, o Anathema não precisa nos fazer esperar tanto tempo para nos presentear com suas fantásticas canções.

Exhibit B The Human Condition – Exodus

Desde quando retornaram em 2004, com o clássico “Tempo of the Damned”, o Exodus presenteia os fãs de Thrash Metal com clássicos atrás de clássicos. É sério, não há um álbum sequer de 2004 para cá que não entre direto para a galeria dos melhores álbuns da banda e não só. Chego ao ponto de dizer (embora saiba que isso contrarie muitos saudosistas): esse Exodus do Séc. XXI é a melhor versão da banda.

“Exhibit B The Human Condition” é o quarto lançamento da banda após o seu retorno e, como já falei no parágrafo anterior, é mais um que já nasce clássico.

Rob Dukes é, definitivamente, o melhor vocalista que já passou pela banda. Eu já havia dito isto após escutar o “Shovel Headed Kill Machine” (2005), mas não há nada como o tempo para consolidar uma ideia: se em 2005 eu arrisquei ao pensar desta forma, passados cinco anos e três álbuns depois, afirmo sem a menor preocupação de falhar – é mesmo o melhor, na medida em que soa muito mais agressivo que seus predecessores e se encaixa perfeitamente no Thrash Metal modernizado a que a banda se propõe a executar.

“Exhibit B The Human Condition” tem tudo o que você procura ouvir do Exodus, riffs potentes e agressivos; solos bem encaixados e diretos; e um grandíssimo trampo de cozinha.

Muito difícil apontar apenas algumas músicas, contudo faço menção a “Downfall”, "The Ballad of Leonard and Charles," "Beyond The Pale” e "Burn, Hollywood, Burn".

At The Edge Of Time – Blind Guardian

Sou fã dos cinco primeiros álbuns do Blind Guardian, do “Battalions of Fear” ao épico, e melhor álbum de todos, “Imaginations From the Other Side”. “Nightfall in Middle-Earth” sempre me soou apenas como um album “legal”, pois é nele que a banda deixa de lado os riffs mais agressivos (aquela marca do “Speed Metal” dos primórdios) e começa a se direcionar para algo mais Power Metal e Progressivo – salvo “Mirror Mirror”, não consigo lembrar de nenhuma música deste álbum. Já os dois seguintes, “A Night at the Opera” e “A Twist in the Myth”, não me agradaram em nada; a tal ponto de eu considerar a banda como “acabada” para mim.

Pois bem, eis que chego ao ponto de como descobri a existência de “At The Edge Of Time”. Foi totalmente por acaso. Fui ao Myspace da Nuclear Blast, na altura em que soube que o Sepultura havia assinado com a gravadora. Lá me deparei com o vídeo de “A Voice in the Dark” – vi/escutei e achei muito bom. Foi assim que que soube que o Blind Guardian tinha um novo álbum e, por conta do clipe, resolvi dar uma chance à banda, pois notava um certo retorno ao passado que eu sempre gostei bastante.

Não me arrependi! “At The Edge Of Time” é mesmo uma espécie de rendição do Blind Guardian após dois álbuns chatíssimos. É um álbum que me fez recordar os bons e velhos tempos de “Somewhere Far Beyond” e “Imaginations From the Other Side”.

Em “At The Edge Of Time” o Blind Guardian conseguiu harmonizar novamente agressividade com melodias e orquestrações. E isso nota-se perfeitamente em “A Voice in the Dark”, “Tanelorn (Into the Void)”, “Ride into Obsession” e “Sacred Worlds”.

Obviamente “At The Edge Of Time” não está entre os melhores da banda, mas é um álbum que nos permite dizer perfeitamente “bem vindo de volta, Blind Guardian”.

Audio Secrecy – Stone Sour

“Audio Secrecy” é o terceiro álbum de estúdio do Stone Sour, banda que conta com Corey Taylor, Jim Root (vocalista e guitarrista do Slikpnot, respectivamente) e Roy Mayorga (que excursionou com o Sepultura em 2006, após a saída de Iggor Cavalera).

Conheci o Stone Sour através do álbum “Come What(ever) May” e gostei desde a primeira audição, torando-me fã da versatilidade do vocalista Corey Taylor – dono de uma bela voz, variando entre o vocal limpo e algumas pitadas de vocal agressivo (mas diferente do que ele nos acostumou no Slipknot, é importante ressaltar).

“Audio Secrecy” não traz muitas mudanças em relação ao seu antecessor. O que é muito bom! Trata-se de um álbum de Rock, ora flertando com o Hard Rock, ora flertando com o que podemos denominar de “Radio Rock” (aquele Rock de melodia pegajosa que toca facilmente em qualquer FM).

Stone Sour é uma banda de bons músicos e que faz Rock de primeira qualidade. Com destaque para a voz de Corey Taylor – confesso que prefiro escutá-lo no Stone Sour do que no Slipknot (talvez por isso eu goste mais dos álbuns mais recentes do Slipknot, pois são mais pesados e com melodias mais bem trabalhadas que os primeiros e têm um Corey Taylor sem medo de explorar os vocais limpos, em especial o mais recente, “All Hope Is Gone” – o melhor do Slipknot). Mas também não posso deixar de mencionar as boas linhas de guitarra e a excelente performance de Roy Mayorga.

Tendo que mencionar algumas músicas, listo: “Mission Statement”, “Say You’ll Haunt Me”, “Dying”, “Let’s Be Honest”, “Unfinished” e “Nylon 6/6”.

Para quem curte Rock e, especialmente, para aqueles que queiram escutar um Corey Taylor completamente diferente, “Audio Secrecy” é uma excelente pedida.

Discipline Of Hate – Korzus

A minha reação inicial ao escutar as primeiras músicas de “Discipline of Hate” foi, com o perdão da repetição literal, “PQP! Que som é esse?!”. Acho que só isso resume toda a minha opinião sobre este álbum.

Não conheço muita coisa do Korzus. Escutei uma coisa outra antiga e devo ter ouvido o “Ties of Blood” duas vezes. Cobri o Abril Pro Rock de 2007 e achei a apresentação dos caras muito boa! Mas fiquei por aí.

O que posso dizer sobre o “Discipline of Hate”? Que é um dos melhores álbuns nacionais dos últimos tempos; que é um dos melhores álbuns Thrash Metal deste século; e que certamente é um trabalho que não deixa a desejar em nada se comparado com os grandes nomes internacionais do gênero.

Em termos musicais, temos um Thrash Metal atual, com claras influências de Slayer (riffs e, evidentemente, o vocal de Marcelo Pompeu) e algumas passagens que me lembram Testament (o álbum “The Gathreing”, por exemplo), Exodus (pelos riffs) e Machine Head (mais recente).

No que toca à produção, impossível deixar de mencionar a impecável qualidade do trabalho de Heros Trench e Marcelo Pompeu.

“Discipline of Hate” marca a estreia de Antonio Araújo (ex-ChaoSphere, para mim a melhor banda de Heavy Metal pernambucana de sempre), um músico de excepcional qualidade.

Músicas que destaco: “Discipline of Hate”, “Truth”, “2012” e “Slavery”.

Order Of The Black – Black Label Society

Zakk Wylde é, sem dúvidas, um dos maiores guitarristas do Heavy Metal da atualidade. Para mim, foi o melhor guitarrista que passou pela banda solo de Ozzy Osbourne depois, claro, de Randy Rhoads. E antes do Black Label Society ele lançou um álbum com o Pride & Glory que é muito bom, algo como um Lynyrd Skynyrd modernizado e muito mais pesado.

No Black Label Society, Zakk Wylde de 1999 a 2006 lançou, praticamente, um álbum de inéditas a cada ano – foram seis em sete anos. “Order Of The Black” é o de maior hiato entre um álbum e outro: longos quatro anos.

Embora não possa apontar como o melhor lançamento da banda, “Order Of The Black” é um álbum que traz todos os atributos já conhecidos do Black Label Society, como já é costume, Zakk Wylde mantém suas características de sempre: bons e empolgantes riffs de guitarra; solos de guitarra interessantes; algumas baladas e/ou músicas mais melancólicas; e as nítidas e inegáveis influências de Southern Rock, Pantera (agressividade e “groove”) e Black Sabbath (aquele clima bem setentista, trazido por um quê de Sludge).

“Crazy Horse”, “Overlord”, “Black Sunday” “Southern Dissolution” e a balada “January” são algumas das músicas que destaco. Além do cover de Simon & Garfunkel, “Bridge Over Troubled Waters” – muito bom!

Hvbris I &I I – Andreas Kisser

Sei bem que o primeiro álbum solo do Andreas Kisser (Sepultura) foi lançado em 2009. Porém, no Brasil o seu lançamento só ocorreu em 2010 (quanto tempo tive que esperar para poder comprar o CD!) e, ante a escassez de bons lançamentos em 2010, resolvi colocar o Hvbris I & II na lista.

Em seu trabalho solo, Andreas se desprende totalmente de rótulos e explora todas as suas influências musicais, que vão do Heavy Metal (o óbvio), passando pelo Rock, Blues, Flamenco, Música Clássica e variados estilos musicais brasileiros.

O álbum é duplo. O primeiro é dedicado à guitarra, de onde se destacam: “Eu Humano” (primeira música que escutei e uma das minhas preferidas desde então), “God's Laugh”, “Virgulandia” (cuja letra faz crítica pertinente à realidade política nacional e conta com participação de Rappin Hood), “R.H.E.T.” (com um dos melhores solos de guitarra do disco), “Em Busca do Ouro” (que narra a corrida pelo ouro no Brasil, não esquecendo a exploração e o sofrimento pelos quais muito tiveram que passar; a participação de Zé Ramalho não podia ser mais do que ideal para esta música), “Lava Sky" e "A Million Judas Iscariotes”.

O segundo disco é mais voltado ao violão clássico, instrumento a que Andreas dedica estudo há muitos anos. “Sad Soil” é a abertura perfeita – instrumental belíssimo, combinando solo de guitarra com uma base de violão.

Além de “Sad Soil”, também destaco “World’s Apart”; “Breast Feeding” (onde se notam influências de Flamenco e ritmos percussivos latinos); “Page” (você já escutou “Kaiowas”, do Sepultura? Pois bem, acredito que essa poderia ser considerada uma espécie de continuação natural da música do Sepultura); “Domenicana” (introspectiva e melancólica); “Vivaldi” (a veia erudita de Andreas) e “0120” (mais uma vez a veia erudita de Andreas a ganhar contornos, em uma belíssima canção).

Quem for escutar o álbum solo do guitarrista do Sepultura à espera de qualquer semelhança com a maior banda brasileira de todos os tempos, é melhor ou desistir ou se preparar para algo bem diferente. Em “Hvbris I & II”, Andreas Kisser mostra toda a sua versatilidade nas guitarras e violões, trazendo aos fãs do Sepultura e de Heavy Metal características bem distintas das que ele nos acostumou em sua carreira na banda.

Expectativas para 2011

Em termos musicais, minha maior expectativa é o novo álbum do Sepultura, a ser lançado ainda no primeiro semestre de 2011, via Nuclear Blast. Não tenho a menor dúvida de que será um dos melhores álbuns do próximo ano e que 2011 será muito proveitoso para a banda.

Também estou no aguardo do novo álbum do Moonspell. Mas faz tempo que não vejo nenhuma notícia por parte da banda - Nova gravadora? Composições em andamento? Quando entram em estúdio?

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