segunda-feira, 5 de julho de 2010

Waldimir Maia Leite - Vovô Vadô


Na última quarta-feira, dia 30 de junho, a literatura e o jornalismo pernambucano perderam um grande nome - Waldimir Maia Leite.

Seu corpo padeceu após meses de luta contra um câncer da pelve e, desta forma, ele deu seu último passo "para o adiante", saindo "como quem se despede para nunca mais".

Waldimir Maia Leite era jornalista e escritor. Autor de 4 livros ("Ofício da Busca"; "Terra Molhada"; "O Viajante das Palavras"; "Meio Século na 'Pracinha do Diario'") e um livreto ("Quatro Poemas de Outono"), trabalhou por mais de 50 anos no Diario de Pernambuco. Ocupava a cadeira nº 38 na Academia Pernambucana de Letras.

Waldimir Maia Leite, para mim, era, simplesmente, Vovô Vadô. Meu avô paterno.

Neste seu último ano de vida passamos a ter muito mais contato do que tive em meus primeiros 26 anos de existência.

Era eu quem digitava os seus textos que eram publicados quinzenalmente no Diario de Pernambuco. O último texto foi publicado no dia 22 de março de 2010, quando o tratamento contra o câncer ainda não havia debilitado o seu corpo ao ponto de lhe retirar a enorme capacidade de nos emocionar com suas palavras.

Meu avô completaria 85 anos em dezembro. Ele me dizia que pretendia escrever mais um livro, para celebrar este marco em sua vida. Pediu-me que o ajudasse a escrever o seu quinto livro. Disse-me que o livro seria dedicado a mim, seu neto que tanto o ajudava.

Infelizmente, não foi possível completar estes "passos ensaiados", pois a doença o levou "de forma súbita, sem ter conseguido a reconciliação com o que sempre amou", afinal, "o ser eterno e contínuo talvez canse, ser sempre é uma forma de angústia de não acabar".

Tenho uma certeza, meu avô está "por aí, na orla marítima da praia de Candeias. Perambulando como alguém que procura aquilo que (entretanto) não conseguiu perder".

E, estranhamente, eu o ouço, "como se a sua voz fosse refletida por uma montanha distante", nesses seus "passos em direção ao que há de vir" e "vai assim o homem ... o final indeterminado de ser melancolicamente fim".

Descanse em paz, Vovô Vadô.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Emanuel, boa noite!
Nos anos 80 participei de um concurso literário sob o patrocínio da Xerox do Brasil S/A através da Coluna Paralelo 8 -Diário de Pernambuco- de Waldimir Maia Leite, seu avô. Era uma homenagem aos 50 anos da morte de Fernando Pessoa esse concurso, e nunca mais fiquei sabendo de nada. Triste fiquei por saber da morte de seu avô. Te encontrei por acaso na busca pelo nome dele. Continue publicando coisas dele. Abs.