quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Puritana Perversão
“Pervertido(a)... Quase Religioso(a)” (Moonspell).
Não, não é uma crítica às religiões ou à religiosidade das pessoas. “Religioso” está aqui empregado em um sentido conotativo, na realidade em um sentido quase que interpretativo, adotado por uma “liberdade poética” (pretensioso, não?!). Adoto o termo “religioso” como sinônimo de “puro”, “imaculado”, quase “santificado”.
Há pessoas que são assim, puras, imaculadas, santas encarnadas. Quer dizer, pelo menos é o que elas apresentam (ou aparentam) ser ou dizem ser, não é verdade?
Há também aquelas pessoas que se colocam sempre em superioridade e fazem questão de enaltecer em si uma perfeição impossível aos seres humanos. Impossível, obviamente, pois não há perfeição quando tratamos da raça humana.
Perfeito só Deus, Alá, Buda ou qualquer outro ser superior no qual você acreditar, isso se você acreditar. É que se você for cético, poderá afirmar que não existe perfeição neste mundo. Mas se você não for tão crítico, poderá até dizer que perfeita é a natureza (só a natureza, sem essa baboseira de “mãe natureza”).
Eu diria que (sem, mais uma vez, entrar em questões religiosas) a natureza é perfeita e uma de suas manifestações mais maravilhosas se dá através do que chamam de “ironias da vida”.
Existe algo mais perfeito do que uma bela “ironia da vida”? Se a ironia por si só já é algo para lá de interessante, o que falar quando algo nos chega de uma forma tão irônica, quase que por mera coincidência?
Pois é. Algumas ironias chegam aos nossos conhecimentos de modo tão inesperado que nos pegam totalmente de surpresa, deixando-nos praticamente incrédulos (com aquilo que nos é dito/demonstrado).
Há certas informações que explodem como uma bomba. São informações que carregam em si um material explosivo capaz de causar destruição, de abalar de forma substancial as estruturas ao seu redor.
Tal qual uma bomba dos católicos do IRA na “protestante” Belfast; ou uma bomba de judeus sionistas em um hotel do comando geral das tropas britânicas; ou mesmo uma bomba do Hamas em um ônibus civil em Tel-Aviv.
É verdade, amigos, há fatos que, quando tomamos conhecimento de sua existência, são capazes de ter uma abissal força destruidora, de causar um abalo incomensurável em nossas frágeis estruturas. Somos humanos e, além de não sermos perfeitos, somos também muito frágeis.
E, quando menos esperamos, quando sequer procuramos, não é que nos chegam notícias de certos acontecimentos espantosos e quase inacreditáveis?
Só seriam mesmo incríveis se não se tratasse de fatos relacionados ao comportamento humano. É que, infelizmente, havemos de reconhecer, do ser humano devemos esperar tudo, do mais belo e puro ao mais reprovável e repugnante.
Pois é, senhores, a desconfiança é, nesse caso, uma armadura que nos protege de eventuais dissabores que a vida venha a nos apresentar.
Sempre me pautei pela desconfiança, o bom e velho “pé atrás”. É que de uma pessoa eu sempre soube e tive plena convicção de que poderia esperar o melhor e o pior. E a maior probabilidade é de que o pior ocorra com mais freqüência.
Mas a natureza é perfeita. E a vida é irônica. Ela sempre dá um jeito de nos mostrar como estávamos errados, o quanto fomos inocentes em determinadas ocasiões. Nem que essa demonstração venha de uma forma pouco agradável, mas a ironia da vida nos prega essa lição a fim de que aprendamos, definitivamente, com os nossos erros e não caiamos novamente na tolice de acreditar ingenuamente em alguém.
Pessimista? Fatalista? Triste? Radical? Você pode até se perguntar. Você pode até me questionar.
Contudo, experimente acreditar, confiar convictamente... E depois se dar conta de que tudo aquilo não era bem a verdade e que aquela imagem que se colocava diante de seus olhos e que ganhou sua confiança não correspondia à verdadeira face daquilo em que você confiou.
Experimente viver em uma realidade aparente e, tempos depois, dar-se conta de que a aparência da verdade é mesmo a falsidade e a dissimulação.
Uma amiga me disse – “desconfie das pessoas sonsas, pois essas pessoas são as piores” – e eu devo concordar com ela.
Vou mais adiante: desconfie das pessoas que apontam o dedo para todas as outras; desconfie daquelas pessoas que, na incapacidade de ver e reconhecer seus próprios defeitos, destilam seus peçonhentos preconceitos contra o comportamento dos outros.
E, principalmente, desconfie daquelas pessoas que têm uma enorme necessidade de se fazerem reconhecidas como imaculadas e perfeitas, aparentando um pudor rígido e inabalável... Essas são as piores, não me restam dúvidas.
A hipocrisia é uma das características negativas dos seres humanos. Devemos sempre tomar cuidado para não cairmos nas artimanhas dos hipócritas, que nos fazem crer em suas dissimulações e nos iludem com seus fingimentos.
Meus senhores, nós nunca sabemos onde estão as fronteiras que separam o pudor e a moralidade do falso pudor e da imoralidade.
É muito tênue a linha que divide o puritanismo da perversão. Às vezes nem nos damos conta de que podemos estar diante de uma verdadeira “puritana perversão”.
Por fim, gostaria apenas de lembrar que o mundo é pequeno e as máscaras, mais cedo ou mais tarde, sempre hão de cair.
“Pervertido(a)... Quase Religioso(a)”.
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5 comentários:
PERFEITO! Para um bom entendedor meias palavras bastam... Mas há pessoas em que meias palavras não chegariam nem perto de explicar tamanha dissimulação hein... hahaha! ADOREI! Que este texto seja o marco de uma "nova era" pra vc! Deixar pra trás o que merece ficar para trás... Bola pra frente e Deus te abeçoe! Beijão da amiga K!
você está caprichando cada vez mais. religião é uma droga e toda fé é cega.
abraço
Emanuel, esse teu post foi o melhor que eu já li.
Dissimulação não sei, mas..falta de coragem de algumas pessoas assumirem suas personalidades.... é muito mais comum do que a gente imagina. Mas.... o dia chega e a máscara cai...
Segue a vida, querido....=D
ei... o Daniel (que nem sei quem é... hahaha) entendeu mesmo o texto?
Cada um tem sua interpretação... A dele não foi a mais correta. :P
Valeu a todos pelos comentários! :)
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