Emanuel
Leite Jr.
Délio
Mendes, 70 anos, é um professor universitário aposentado pela Universidade
Federal Rural de Pernambuco (Ufrpe). Bacharel em Ciências Sociais e Doutor em
Ciência Política e Sociologia pela Universidad de Deusto (Espanha), Délio é um
militante político há 54 anos que agora, de volta ao Partido Comunista
Brasileiro (PCB), resolveu se lançar candidato ao cargo de vereador na Câmara
Municipal do Recife. Sua candidatura tem como propósito “ocupar um pequeno
espaço para falar de um novo Recife e poder discutir mais seriamente a nossa
cidade”, afirmou Délio.
Conheci
Délio nos tempos da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), onde fui seu
aluno na disciplina de Ciências Políticas, quando cursei Bacharelado em
Direito. Descobri, através do Facebook, que Délio era candidato a vereador.
Entrei em contato por telefone e marquei para que nos encontrássemos em sua
casa. A entrevista ficou marcada para a terça-feira, dia 28 de agosto, às 8h.
Cheguei ao prédio dele pontualmente. E lá estava Délio me aguardando. “Entre,
sinta-se à vontade. Vamos conversar sobre política”, convidou-me para o
diálogo, como nos tempos de Unicap.
Alguns
dos 54 anos de militância política de Délio foram dedicados ao Partido Popular
Socialista (PPS), fundado em 1992, que pretendia ser uma continuidade
renovadora do “Partidão” (PCB), após a queda do Muro de Berlim e o fim da União
Soviética. “Em um primeiro momento, o PPS conseguiu exercer o seu papel de
crítica na esquerda”, começou por avaliar. “Mas, infelizmente, com o tempo, o
partido se dirigiu para a direita. Para mim, tornou-se muito difícil ver o PPS
de braços dados com políticos que sempre combati”, analisou. “Hoje, o partido é
praticamente uma linha auxiliar do PSDB”, finalizou, explicando seu rompimento
com o PPS há cinco anos e retorno ao PCB.
A
volta ao PCB, na avaliação do professor, foi um caminho natural, como quem
volta para a casa. “Hoje o PCB é realmente o meu partido, o meu lugar.
Acredito, cada vez mais, que o socialismo é o caminho a ser seguido, para
consolidarmos uma sociedade comunista”, ponderou Délio.
É
neste contexto ideológico, o da crítica de esquerda em um país governado “por
um PT que tem áurea de esquerda, mas que, na prática do poder, não é de
esquerda”, que Délio insere a sua candidatura. Ele busca, junto com a Frente de
Esquerda (PCB/PSOL), “sair das discussões banais, debater a sociedade
brasileira, pernambucana e, principalmente, a recifense a partir da perspectiva
marxista”, sustentou.
O
PCB tem como candidato à prefeitura Roberto Numeriano. O slogan da campanha da
Frente de Esquerda é “O Recife tem dono. O dono é o povo”. Recentemente, quando
iniciaram as transmissões dos guias eleitorais, surgiu algo curioso. Daniel
Coelho, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), apresentou um jingle
em que apresenta “Recife não tem dono. O Recife é do povo”. Na visão de Délio,
o PCB não deveria dar muita importância para este tema. “O que nos interessa é
apresentar nossas propostas. Mostrar que estamos dispostos a debater os
verdadeiros problemas do Recife”, comentou.
Para
Délio, a verdadeira discussão não pode se limitar a construções de viadutos ou
de ruas. “São coisas importantes, claro. Mas temos que ir além”, observou. “Por
exemplo, os empresários de transporte coletivo lucram cada vez mais, enquanto o
usuário, que é o trabalhador, está cada vez mais prejudicado, com um serviço
precário e que piora a cada dia”, citou. Na visão dele, em nossa cidade, não se
discute o problema do transporte coletivo da mesma forma como se discute o
individual.
“Os
pobres sempre saem perdendo no combate cotidiano. Cheias, chuvas, por exemplo.
Por que os mais prejudicados sempre são as pessoas com renda menor de dez
salários mínimos?”, criticou Délio, na expectativa de que o povo recifense
reflita sobre as suas reais necessidades.
2 comentários:
Emanuel,
Parabéns pela iniciativa! Espero que o Prof. Délio faça suas proposituras e defenda seus ideais voltados para coletividade da mesma forma que os apresentou há 10 anos para nós.
Abraços e sucesso ao Prof. Délio.
Valeu, Renato!
Abraço
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