Como faço todos os
anos, gosto de elaborar uma lista com os meus álbuns preferidos do ano. Em
2012, o mais difícil foi decidir se consideraria o Alpha Noir/Omega White do
Moonspell apenas com um álbum ou se dividiria em dois e, assim, ocupariam os
dois primeiros lugares da relação. Optei pela divisão, já que são dois álbuns
distintos, cada um apresentando um lado das duas faces que compõem o repertório
musical dos portugueses. Passado isso, a questão: qual dos dois colocar em
primeiro? Bem, a escolha foi pelo Alpha Noir pois a própria banda optou por
esse álbum como sendo o principal, uma vez que o Omega White vem como um bônus.
Apesar dessa divisão, para mim é impossível dizer qual dos dois eu prefiro
mais.
Enfim, segue a lista
com os meus dez álbuns preferidos no ano de 2012:
1. Alpha Noir – Moonspell
2.
Omega
White – Moonspell
3.
Tragic
Idol – Paradise Lost
4.
Weather
Systems – Anathema
5.
Phantom
Antichrist – Kreator
6. A
Map of All Our Failures – My Dying Bride
7. House
of Gold & Bones part 1 – Stone Sour
8. Dark
Roots of Earth – Testament
9.
Dead
End Kings – Katatonia
10. The Scarred People – Tiamat
Alpha Noir – Moonspell
Os portugueses do
Moonspell sempre foram uma banda que estiveram à frente do seu tempo. Começaram
a carreira praticando um Black Metal com pitadas de elementos de música
portuguesa, o que os diferenciava das demais bandas do gênero na Europa. Em
seguida, consolidaram-se como um dos pioneiros do denominado Gothic Metal ao
incorporarem ao seu som novas características, como o Gothic Rock e o Darkwave.
A cada álbum a banda inovava e se renovava, mas alguns elementos musicais
sempre estiveram presentes em sua sonoridade: o peso e a agressividade dos
riffs de guitarra e dos bumbos da bateria se equilibravam com o soturno, a
melancolia e o atmosférico dos teclados e dos vocais sussurrados e graves de
Fernando Ribeiro.
Completando 20 anos em
2012, o Moonspell resolveu se dividir em dois. Ao invés de tentar buscar o
equilíbrio tênue entre o peso e a melodia introspectiva, os portugueses
decidiram dar vida às duas personalidades que sempre conviveram em harmonia no
interior do grupo.
De um lado, veio ao
mundo o lado negro da força do Moonspell, o peso e a agressividade dos riffs
das guitarras, os vocais guturais e rasgados de Fernando Ribeiro, e o bumbo
duplo comento no centro. É o Alpha Noir.
Os fãs do bom e velho
Moonspell não têm motivos para reclamar. Os elementos do Black e Death Metal
característicos do grupos são encontrados em faixas como “Lickanthrope” e “Versus”.
E eles ainda encontraram espaço para inovar. Riffs de Thrash Metal foram
incorporados, dando uma pegada ainda mais dilacerante ao som. Músicas como a
faixa-título “Alpha Noir” e “Axis Mundi” estão aí para comprovar.
Quem curtiu álbuns como
Memorial e Night Eternal encontra um Moonspell seguindo o direcionamento do
Metal extremo, em toda a sua plenitude. Se nos dois antecessores, lançados em
2006 e 2007 (respectivamente), ainda havia espaço para faixas mais harmônicas e
introspectivas, em Alpha Noir só há lugar para uma coisa: porrada! Do início ao
fim.
Liricamente, a banda
continua sublime. “Em Nome do Medo”, letra toda em português, fala da
necessidade que as pessoas têm de romper com os medos para seguirem adiante. Em
uma Europa em crise, o Moonspell clama aos seus fãs por um “novo mundo”, com um
“novo código”.
Omega White – Moonspell
Ao mesmo tempo em que
o Moonspell soltou toda a sua negritude e sua agressividade em Alpha Noir, o
álbum Omega White foi o espaço em
que a banda pôde explorar toda a sua veia poética, romântica e introspectiva.
Em 1998 muitos fãs da banda torceram o nariz para o espetacular Sin/Pecado, álbum em que a banda deixou
um pouco de lado o Heavy Metal e partiu em uma viagem mais introspectiva,
explorando novos elementos musicais e com uma abordagem lírica mais filosófica.
Em 2001, o Darkness and Hope trazia
de volta um pouco do peso, mas ainda mantinha latente a preferência da banda
pelo sombrio, mais do que pela agressividade.
Em Omega
White o Moonspell recupera um pouco destes dois álbuns. Lindos arranjos
e belíssimas harmonias. Fernando Ribeiro solta a voz, explorando toda a
sensualidade de seu vocal grave. O teclado está em evidência e se o Alpha
encontra refúgio e se baseia nos riffs de Ricardo Amorim, o Omega
é cria da sensibilidade dos teclados de Pedro Paixão.
Estamos diante de um
disco cativante e belo. Difícil mencionar apenas algumas faixas, mas músicas
como “Whiteomega”, “Fireseason”, “New Tears Eve”, “Incantatrix” e “A Greater
Darkness” mostram bem como o Omega White, mais do que um álbum, é uma
celebração ao lado Gótico do Moonspell, em que a beleza do soturno se sobrepõe
à agressividade.
Tragic Idol – Paradise Lost
O final dos anos 1980
e começo dos anos 1990 ficaram marcados pelo surgimento de três bandas
britânicas que se tornaram ícones do denominado Death/Doom Metal. Uma dessas
bandas era o Paradise Lost, dois anos mais velha que My Dying Bride e Anathema.
Das três, apenas o My Dying Bride se manteve mais próximo da sonoridade
inicial, enquanto as outras duas exploraram novas influências musicais ao longo
de suas carreiras. O Paradise Lost logo incorporou elementos que viriam a
caracterizar a banda de Halifax como uma das pioneiras do Gothic Metal (ao lado
do Moonspell e outras).
Após o aclamado Draconian Times, um dos maiores
clássicos do Metal até os dias atuais, o Paradise Lost foi deixando um pouco de
lado o peso do Death/Doom e abriu espaço ao Gothic Rock, flertando também com
elementos de música eletrônica. Algo que nunca faltou ao som do grupo foi a
melancolia, sempre presente e latente.
Desde 2005,
entretanto, o Paradise Lost foi traçando um caminho de volta ao Gothic/Doom que
o consagrou. E o álbum Tragic Idol é a consagração de uma
sequência de álbuns sensacionais: In
Requiem e Faith Divides Us – Death
Unites Us.
Em
Tragic Idol o Paradise Lost
aprimora a mescla das influências do Rock Gótico com os elementos mais pesados
dos tempos do Gothic/Doom Metal que levou a banda ao topo em meados dos anos 1990.
Riffs pesados, teclados dando uma sonoridade atmosférica e obscura, e um Nick
Holmes em grande forma, com um vocal mais agressivo.
Faixas como “Crucify”, “Fear of
Impending Hell”, “To The Darkness” e “Tragic Idol” mostram bem a mescla entre o
Gótico e o Doom do Paradise Lost. Enquanto músicas como “Theories From Another
World” e “In This We Dwell” evidenciam o peso e a agressividade das composições
de Gregor Mackintosh.
Atmosférico, sombrio, pesado,
agressivo e ao mesmo tempo melancólico. É assim que podemos resumir este grande
álbum do Paradise Lost.
Weather Systems – Anathema
O Anathema é uma banda
com trajetória bastante curiosa: uma das pioneiras e maiores destaques do
Death/Doom Metal, foi passando por uma metamorfose musical a partir do álbum Eternity (1996), em que a influência de
Pink Floyd começou a aflorar, até chegar ao Atmospheric Rock, onde os elementos
de Heavy Metal praticamente não se fazem notar, dando espaço para as nítidas
influências de Pink Floyd, Radiohead, Porcupine Tree, Portishead etc.
Se eu fosse resumir o
álbum Weather Systems em apenas uma palavra, eu diria: belíssimo! É
mesmo assim que este álbum pode ser definido: pela beleza marcante de suas
canções, pelo encanto de suas letras – a perfeita harmonia entre melodias
cativantes e letras tocantes.
A sequência de
abertura do álbum é magistral. As faixas “Untouchable, Parts 1 e 2”, são
fantásticas. Certamente podem figurar entre as melhores músicas da carreira do
Anathema, podendo ser relacionadas ao lado de “A Dying Wish”, "Fragile Dreams”,
“One Last Goodbye” e ”Temporary Peace” e “Dreaming Light”.
Além de “Untouchable,
Parts 1 e 2” não se pode deixar de mencionar “Lightning Song”, “The Calm Before
the Storm”, “The Begining and the End” e a intimista “Internal Landscapes”, que
fecha o álbum. De registrar que Lee Douglas tem muito mais espaço e sua bela e
sua voz pode ser ouvida com maior evidência.
Entre 2003 (A Natural Disaster) e 2010 (We’re Here Because We’re Here) o
Anathema deixou os seus fãs por sete anos esperando ansiosos por um álbum novo
de inéditas. Após o sublime We’re Here
Because We’re Here, a banda não demorou muito para presentear seus
admiradores com mais um lançamento magnífico. Weather Systems é um
belíssimo álbum.
Phantom Antichrist – Kreator
O Kreator sempre foi a
minha banda de Thrash Metal alemã preferida. Na realidade, os caras sempre
estiveram entre as minhas bandas preferidas de todas. Desde a fase do Thrash
Metal dos anos 1980 que se encerrou com o Coma
of Souls (1900), passando pelos experimentalismos dos anos 1990 (é curioso
como várias bandas de Metal resolveram experimentar novas sonoridades ao longo
da última década do Séc. XX). Em 2001 o Kreator voltou ao Thrash Metal, mas
soube se modernizar. Foi um retorno sem se prender ao passado, com o lançamento
do petardo Violent Revolution, um
clássico da banda.
De lá para cá, o Séc.
XXI tem se mostrado de grande criatividade na trajetória destes alemães de
Essen. Do Violent Revolution em
diante, o Kreator tem presenteado os fãs do Thrash Metal com clássicos atrás de
clássicos. Enemy of God (2005), Hordes of Chaos (2009) e o mais recente
e fantástico Phantom Antichrist.
Em Phantom
Antichrist, o Kreator traz novamente a bem sucedida fórmula dos álbuns
lançados neste século, apresentando um Thrash Metal vigoroso, pesado e
agressivo, porém moderno e com claras influências de Heavy Metal tradicional,
com um trabalho melódico mais bem elaborado e cuidadoso. O Kreator consegue de
forma coesa manter suas características agressivas e incorporar melodia ao caos
de seus riffs.
Ventor faz um grande
trabalho na bateria. Sami Yli-Sirnio demonstra toda a sua técnica e a
importância que tem no direcionamento moderno da sonoridade da banda. Enquanto
Mille Petrozza nos faz, mais uma vez, ver por que ele é um dos maiores
riff-makers do Thrash Metal, sem falar de sua versatilidade nos vocais – dos
rasgados, passando pelos urrados, chegando ao vocal limpo (como na magnífica
“From Flood Into Fire”).
Após a intro “Mars
Mantra”, o álbum abre com a faixa-título fazendo você bater cabeça
incessantemente, com seus riffs dilacerantes e o refrão agressivo. Na
sequência, a não menos pesada “Death to the World”. Os refrões marcantes e
empolgantes são marca da banda e isso se destaca em “Civilization Collpase”
(que se inicia com um trabalho mais rítmico de Ventor na bateria) e “United in
Hate” (com uma bela intro de violão). Por fim, não se pode deixar de “Your
Heaven, My Hell” (que exalta bem essa mescla do Thrash Metal com o Metal
tradicional, com riffs menos secos e mais melódicos e um belo solo de guitarra)
e “Victory Will Come”.
Phantom Antichrist é um álbum muito bom, que mostra um
Kreator cada vez mais senhor desse novo estilo em que enveredou nos anos 2000.
Pesado, agressivo, melódico e épico. É o melhor álbum da banda? Não. Mas, sem
dúvida, é o melhor álbum de Thrash Metal de 2012.
A Map of All
Our Failures – My Dying Bride
Das três bandas que
formaram a “tríade” do Death/Doom Metal britânico, apenas o My Dying Bride manteve
sua sonoridade mais próxima ao Doom Metal ao longo de toda a sua carreira.
Enquanto Anathema e Paradise Lost mudaram completamente, o My Dying Bride
jamais abandonou suas raízes. Claro, nos anos 2000 a banda esteve mais para o
Gothic/Doom do que para o Death/Doom originário, mas o “down-tempo”, os riffs
pesados e sombrios, o clima tétrico e melancólico sempre esteve presente.
Completando 22 anos de
carreira, o My Dying Bride compôs um de seus melhores trabalhos em sua vasta e
excelente discografia. A Map of All Our Failures, 12º álbum
de estúdio dos britânicos de Halifax, soa como um resumo histórico de toda a
trajetória dos mestres do Death/Doom Metal.
Guitarras pesadas, com
riffs sombrios e tétricos, em que Andrew Craighan e Hamish Hamilton fazem um
grande trabalho harmônico. Shaun McGowan com seu violino e os teclados se
encarrega de dar o clima fúnebre e atmosférico. A cozinha é precisa, com
passagens mais cadenciadas e rítmicas e outras mais rápidas, com alguns blasts
de Death Metal (como na faixa de abertura “Kneel Til Doomsday”).
E o que falar do
inigualável Aaron Stainthrope? Mais do que a voz do My Dying Bride, Aaron é a
alma da banda. Poucos vocalistas conseguem exprimir através de sua voz o som do
silêncio, a beleza das sombras, a emoção da melancolia. Cativante, marcante,
emocionante.
Não há nenhuma banda
que seja capaz de transformar a melancolia em algo tão belo como o My Dying
Bride. Em A Map of All Our Failures o My Dying Bride mostra, mais uma
vez, toda a beleza e o encantamento do soturno. Escutem “The Poorest Waltz”, “A
Tapestry Scorned”, “Like A Perpetual Funeral”, “Hail Odysseus” e “Abandoned As
Christ” para compreenderem um pouco deste sentimento.
House of Gold
& Bones part 1 – Stone Sour
House of Gold &
Bones part 1 é o
quarto álbum de estúdio do Stone Sour, banda que conta com Corey Taylor (vocalista
do Slipknot), Jim Root (guitarrista do Slikpnot) e Roy Mayorga (que fez uma
tour europeia com o Sepultura em 2006, após a saída de Iggor Cavalera). Além
deles, completa a banda o guitarrista Josh Hand. Para o baixo, Rachel Bolan, do
Skid Row, foi convidado para gravar o álbum.
Desde que conheci o
Stone Sour, no álbum Come What(ever) May,
tornei-me um admirador da banda. Inevitável não virar fã da versatilidade de
Corey Tailor. Quem espera algo parecido com o Slipknot, pode esquecer. No Stone
Sour, Corey mostra todo o seu potencial, variando entre o vocal limpo e
passagens mais agressivas. Eu diria que o Corey Tailor do Stone Sour é muito
melhor que o Corey Tailor do Slipknot.
Idealizado para ser um
álbum duplo, House of Gold & Bones terminou sendo dividido em dois. A
primeira parte foi lançada em 2012, enquanto a segunda ficou para 2013. Conhecendo
a discografia do Stone Sour, posso dizer House of Gold & Bones part 1 não
só manteve o alto nível da banda, como foi ainda mais longe, aprimorando a sonoridade
dos caras.
Estamos diante de um
grande álbum de Rock, ora flertando com o Hard Rock, ora flertando com o que
podemos denominar de “Radio Rock” (aquele Rock de melodia pegajosa que toca
facilmente em qualquer FM). Mas, ao contrário de seus antecessores, em House
of Gold & Bones part 1 o Stone Sour foi mais fundo em suas
influências de Heavy Metal e este álbum pode ser facilmente considerado o mais
pesado de sua discografia.
Rock, Hard Rock, Metal
e, claro, baladas. Tudo de primeira qualidade. É isso que se encontra neste
álbum. O destaque não pode deixar de ser a performance de Corey Tailor. Mas não
seria justo não mencionar as boas linhas de guitarra, com alguns riffs bem
pesados, em algumas passagens que fazem bater cabeça incessantemente, e também
bons solos. Roy Mayorga faz um grande trabalho, sendo bem acompanhado pelo
baixo de Rachel Bolan.
“Gone Sovereign”, “Absolute
Zero”, “A Rumor of Skin”, “The Travelers” (as duas partes), “Tired” e “Tacitum”
são minhas faixas preferidas.
House of Gold &
Bones part 1 não
podia ficar de fora da minha lista de preferidos do ano. E a julgar pela
primeira parte, é de se esperar que a parte 2 venha a figurar na lista de 2013.
Dark Roots of Earth – Testament
Formada inicialmente sob
o nome de Legacy, apenas em 1986 o Testament assumiu sua identidade atual.
Entre 1987 e 1992, a banda lançou cinco grandes álbuns de Thrash Metal. A
partir de então, curiosamente, o grupo traçou um guinada para o Death Metal (Low e Demonic), fechando os anos 1990 com o excelente The Gathering, que eu considero mais um
Death/Thrash Metal (com o mestre Dave Lombardo na bateria).
Passados nove anos sem
um álbum de inéditas e já com o retorno do maestro Alex Skolnick nas guitarras,
o Testament lançou o The Formation of
Damnation, em 2008. Quatro anos depois, a banda apresenta o espetacular Dark
Roots of Earth, álbum que pode figurar facilmente entre os melhores da
discografia do grupo (pelo menos já é um dos meus preferidos).
Os trabalhos da dupla
Eric Peterson e Alex Skolnick são espetaculares! Riffs poderosos e galopantes,
solos sensacionais. A presença de Gene Hoglan na bateria dá um acréscimo de
peso ao som da banda, compondo uma grande cozinha com Greg Christian. Chuck
Billy, por sua vez, mostra toda a sua versatilidade e deixa claro porque é um
dos maiores vocalistas de Thrash Metal da história.
Em Dark
Roots of Earth vemos um Testament que solidifica o seu “retorno” ao
Thrash Metal, mas sem deixar de flertar, em alguns momentos, com o Death Metal
que marcou a sonoridade da banda nos anos 1990 e também com o Heavy Metal
tradicional, influência originária da banda.
O álbum abre com uma
dupla “Rise Up” e “Native Blood” arrasadora! Seguida pela faixa-título e a
empolgante “True American Hate”. Ainda há espaço para uma balada, “Cold
Embrace” e para “Man Kills Mankind”. A versão deluxe do álbum traz três covers
– Dragon Attack (Queen), Animal Magnetism (Scorpions) e Poweslave (Iron
Maiden), esta última simplesmente espetacular.
Dead End Kings – Katatonia
Com 21 anos de
carreira, os suecos do Katatonia chegam em 2012 com o seu nono álbum de
estúdio, Dead End Kings. Longe vão os tempos do Death/Doom Metal dos
primórdios da carreira (que bem no início ainda tinha espaço para um quê de
Black Metal, as primeiras demos e o álbum Dance
of December Souls não deixam negar). Porém, há uma característica marcante
na sonoridade do Katatonia: a cativante melancolia, embalada pelo tom
atmosférico de suas músicas.
Dead End Kings trata com delicadeza a melancolia e
o soturno, em sua atmosfera sombria e relaxante, unindo elementos cada vez mais
evidentes do Prog Metal com o Depressive Rock que fez a banda ser rotulada por
alguns de Despair Rock – um bom termo para tentar resumir a sonoridade dos
suecos.
“The Parting” e sua
introdução de violoncelos abrem de forma magistral o álbum, seguida por “The
One You Are Looking For Is Not Here”, com participação de Silje Wergeland do
The Gathering, lembrando um pouco o Anathema atual (com a vocalista Lee
Douglas). “Hypnone” dá um tom sombrio. A faixa mais pesada do álbum é
“Buildings”, sem dúvida a mais Metal de todas. “Undo You” e “Leathen” também
merecem destaque. “Dead Letters” encerra o álbum com um tom progressivo e
pesado, deixando claro o direcionamento atual do Katatonia.
Em Dead
End Kings o Katatonia mostra sua maestria em compor canções
melancólicas que misturam com perfeição elementos do Metal com o Rock mais
depressivo e progressivo. Um salve para o excelente trabalho do guitarrista
Andy Nystrom e o soberbo vocal de Jonas Renkse.
The Scarred People – Tiamat
A Escola do Death
Metal sueco é muito forte e apresentou ao mundo algumas das melhores bandas do
gênero. Em 1990, o Tiamat lançou o álbum Summerian
Cry, um clássico do estilo. Mais dois álbuns se seguiram e consolidaram a
banda dentre os principais nomes do Death Metal. Em 1994, as influências de
Pink Floyd vieram à tona no Wildhoney,
que marcou a separação do Tiamat da sonoridade inicial e traçou um caminho que
se caracterizaria pelo aprofundamento nas experimentações e inovações. Death,
Doom, Gothic Metal, Gothic Rock, Psicodelismo e Blues... A banda não se poupou
em experiências.
Em 2008, após um hiato
de cinco anos, o Tiamat voltou a gravar um álbum, Amanethes, em que retomava um pouco ao Metal, após dois álbuns (Judas Christ e Prey) claramente Gothic Rock.
The Scarred People é o mais novo lançamento dos suecos.
Atmosférico, psicodélico, pesado, sombrio e sinfônico. Dessa forma se pode
resumir este álbum. O Tiamat resolve passar um pouco por muitas de suas
influências, com faixas mais pesadas dividindo espaço com outras mais
introspectivas e ainda algumas onde a influência de Pink Floyd aflora.
Neste novo trabalho,
os suecos mostram um pouco do que seria um encontro entre Pink Floyd, The
Sisters of Mercy, Type O Negative, com uma pitada de Heavy Metal. Ou se você
preferir buscar referências na própria discografia da banda, imagine uma
mistura de Wildhoney com Prey. Assim terá uma boa noção do que é
o The
Scarred People, em que Johan Edlund mostra toda a sua genialidade, com
um grande trabalho de orquestração, belas linhas de teclado, para não falar de
sua voz singular e emocionante.
A faixa-título abre o
álbum da melhor forma possível, com sua introdução épica e pesada. “Radiant
Star” apresenta um grande solo de guitarra (bem ao estilo Blues Rock) e um
teclado dando um tom sinfônico. “Love Terrorists” é espetacular! Começa numa
linha bem Pink Floyd, psicodélica, e culmina em riffs pesados. “Messinian
Letter” tem um início Bluesy, mas logo descamba para uma sonoridade meio
country, meio Gothic Rock. “Thunder & Lightning” nos remete ao Judas Christ e Prey, com sua sonoridade mais Gótica. “The Red of the Morning Sun”
encerra o álbum em clima mais ameno e tranquilo, sendo uma faixa que encaixaria
muito bem no Wildhoney.
Em suma, se você curte a
trajetória do Tiamat a partir do Wildhoney,
gosta de álbuns como Judas Christ
(meu preferido, confesso) e Prey, The
Scarred People é imperdível.
Expectativas para 2013
Na realidade, tenho
apenas uma expectativa: o novo álbum do Sepultura,
que deverá começar a ser composto no primeiro semestre e deve vir a ser lançado
no segundo semestre de 2013. Será o primeiro trabalho de Eloy Casagrande na
banda e estou bastante curioso por ouvir o que este pequeno “monstro” da bateria
pode aprontar nas novas composições.