domingo, 8 de abril de 2012

Sepultura inicia turnê norte-americana na terça-feira



Depois de uma maratona de shows no Leste Europeu (15 apresentações em 19 dias, passando por cinco países - sobre esta tour: http://emanuel-junior.blogspot.com.br/2012/04/sepultura-encerra-hoje-bem-sucedida.html), a banda brasileira Sepultura inicia nesta terça-feira, dia 10 de abril, a turnê norte-americana de divulgação de seu álbum mais recente, “Kairos”. A “North American Kairos Tour 2012”, que passará por 21 cidades dos Estados Unidos e do Canadá em 22 dias, contará, também, com a participação das bandas Death Angel, Krisiun e Havok. O primeiro show ocorrerá em Santa Ana, na Califórnia.

Esta será a segunda turnê do Sepultura na América do Norte no espaço de um ano. Desta vez, os brasileiros apresentarão o álbum “Kairos” aos norte-americanos. Sobre o assunto, o guitarrista Andreas Kisser comentou, em exclusividade para o nosso blog, “a tour do ano passado já foi excelente e o KAIROS ainda não tinha saído. Agora, com o disco mais conhecido [pelos fãs], vai ser ainda melhor”.

O Sepultura foi a primeira banda brasileira a se aventurar fora do país e a ser bem-sucedida em suas aspirações. Desde 1989, quando excursionaram pela Europa ao lado dos alemães do Sodom, nunca houve a oportunidade de fazer uma digressão junto com outra banda brasileira. Na “North American Kairos Tour 2012” eles terão essa possibilidade, já que os gaúchos do Krisiun estão no cast da turnê.

Andreas se mostrou bastante entusiasmado com o fato de ter o Krisiun ao lado do Sepultura. “Finalmente nós teremos uma banda do Brasil com a gente, especialmente uma banda que está muito bem internacionalmente, é fantástica no palco e são grandes amigos, tenho certeza que vamos curtir muito. Vai ser histórico”, finalizou, empolgado, o músico.

Além das expectativas do Andreas Kisser, colhemos também a opinião de Jason Korolenko, fã do Sepultura de longa data e que está escrevendo um livro sobre a história da banda, cujo título é “Relentless” (que é o título de uma das músicas do “Kairos” e significa implacável, em português).

Jason Korolenko, escritor, 36 anos de idade, da cidade de Laconia (Nova Hampshire), já garantiu ingressos para três shows (nas cidades de Burlington, Pawtucket e Albany) e ainda cogita a possibilidade de ir a outros dois (em Nova Iorque e em Montreal, Canadá). Ele nos disse que está muito feliz pelo fato de ver o Sepultura novamente nos EUA em tão curto espaço de tempo (apenas um ano após a sua última turnê no país) e tem “a certeza de que os shows serão legendários”.

A “North American Kairos Tour 2012” começa no dia 10 de abril, em Santa Ana (Califórnia), na costa oeste dos Estados Unidos, e vai até o dia 01 de maio, encerrando-se na cidade de Jermyn, estado da Pensilvânia (costa leste). Sobre esta maratona de shows (mais uma logo na sequência da turnê do Leste Europeu) e questionado como fazia para aguentar o ritmo intenso e acelerado do Sepultura, Andreas falou “eu amo o que faço, aí as coisas ficam mais fáceis”. E os fãs agradecem tamanha dedicação ao Sepultura e à música.

sábado, 7 de abril de 2012

Sepultura encerra hoje bem-sucedida turnê no Leste Europeu



Os brasileiros do Sepultura encerram hoje, 07 de abril, em Minsk (capital da Bielurrússia), uma maratona de 15 shows em 19 dias na bem-sucedida “Kairos Eastern European Tour”, a turnê de divulgação de seu mais recente álbum, “Kairos”, no Leste Europeu.

Ao todo, a banda passou por cinco países – Letônia, Estônia, Finlândia, Bielorrússia e Rússia. Foi na Rússia onde eles fizeram mais apresentações, 11 no total, algo inédito na já longa carreira do grupo, que comemorará 28 anos de existência em dezembro de 2012.

Em meio à correria de tantos shows seguidos, com viagens em aviões não tão seguros ou uma travessia pela Sibéria no trem transiberiano, além de tardes de sessões de autógrafos em diversas cidades russas, o guitarrista Andreas Kisser encontrou um tempo em sua agenda para falar com o nosso blog a respeito da turnê.

Andreas nos disse que a turnê foi muito boa, celebrando o fato de os fãs terem recebido muito bem as cinco músicas do “Kairos” (“Kairos”, “Relentless”, “Dialog”, “Mask” e “Just One Fix”) que eles tocavam a cada show. “As músicas novas estão funcionando muito bem, eles conhecem bem o material novo assim como toda a história [do Sepultura]”, contou Andreas ao nosso blog.

Sobre a Rússia, em específico, Andreas se mostrou satisfeito em terem feito uma série extensa de shows por todo o país e, também, com a recepção dos fãs russos, “muito intensos”, segundo descreveu.

Para além das questões mais diretamente ligadas à música, Andreas concedeu, em exclusividade ao nosso blog, suas impressões acerca das mudanças na Rússia e Letônia, países em que o Sepultura tocou pela primeira vez em 1992 (poucos meses depois da ruptura da União Soviética), para a realidade dos dias atuais, 20 anos depois da queda do império soviético – “mudou tudo, tudo mesmo. O astral é bem mais leve hoje em dia e os países parecem ser outros. Há 20 anos, o muro tinha acabado de cair e as coisas estavam muito difíceis, pobreza geral e um sentimento de confusão, de ‘e agora?’. Hoje os países estão com uma bela estrutura”, disse.

Depois da maratona pelo Leste Europeu, não pense que a banda voltará ao Brasil para descansar. No dia 10 de abril o Sepultura dará início a mais uma série de shows, desta vez será a “North American Kairos Tour 2012”, em que o grupo fará 21 shows em 22 dias, passando pelo Canadá e pelos EUA.

PS. Foto de Derrick Green, retirada da página do Facebook do vocalista do Sepultura.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

A Rosa Púrpura do Cairo - Análise crítica à indústria cultural



Em “A Rosa Púrpura do Cairo” Woody Allen busca discutir o cinema e a sua relação com o espectador; abordando o modo como o cinema, ao reproduzir (de forma fantasiosa) a realidade, ilude o espectador e leva ao seu público o entretenimento através da “magia” e da fantasia.

Woody Allen levanta, em certas passagens do filme, a dicotomia: realidade x ficção. O cinema é a representação do real; o cinema recorre à ficção para criar um mundo “novo”, que representa, de seu modo, a realidade; porém, o cinema não é a realidade.

Além disso, Woody Allen trabalha magistralmente o tema da indústria cultural. O cinema, como manifestação artística que é, encontra-se inserido dentro da grande indústria do entretenimento e, portanto, é parte da indústria cultural.

Nota-se o tom crítico do autor em relação à indústria cultural em diversas cenas do filme. Por exemplo, quando os personagens do filme, “presos” na tela, discutem quem tem o papel mais importante, sendo que a perspectiva, na discussão, gira em torno do consumo, na medida em que os personagens medem suas importâncias sob o ponto de vista meramente comercial – quem venderia mais ingressos, ou seja, quem daria mais lucro à indústria cultural.

Há outra cena em que a crítica de Allen à engrenagem da indústria cultural fica bastante evidente. É quando os responsáveis pelo filme, representando os proprietários dos estúdios em seus anseios, afirmam que a opinião dos jornalistas seria favorável a eles e deixam claro que compraram esse posicionamento amistoso dos jornalistas, pois dizem que custou caro, mas que conseguiram ter os jornalistas ao seu lado.

Nesta cena, fica subentendido que os jornalistas não fariam críticas contundentes à situação e, portanto, não haveria grande contestação ou cobrança em relação ao fato inusitado da fuga de um dos personagens, que estava “foragido” na vida real. A Teoria Crítica da Escola de Frankfurt define esta situação como homogeneização da opinião pública, enquanto Noam Chomsky, no mesmo sentido, fala em “consentimento manufaturado. Woody Allen, portanto, na cena em questão, demonstra claramente como é possível se criar um consentimento em torno de um tema, possibilitando que a opinião generalizada seja homogênea, igual e favorável aos interesses daqueles que detêm o poder econômico e influência na esfera da comunicação social.

Tom, o “foragido”, é um personagem que representa alguém que é aventureiro, explorador, pesquisador (é um arqueólogo), mas, ao mesmo tempo, é também uma figura romântica, poética e, por isso, bastante encantadora.

Viver no mundo real, para Tom, seria inviável e insustentável. Tom é um personagem e, portanto, é condicionado em suas ações pela pré-definição de seu personagem. Ele age, em determinadas situações, de forma condicionada, quase que automatizada. É como se fosse um animal agindo por instinto, ou seja, sem a capacidade racional que diferencia os homens – poder escolher, agir por conta própria, tomar suas próprias decisões.

Inclusive, há uma cena em que um dos personagens, “preso” na tela, diz a Cecília que ela tem que se decidir – entre Tom e Gil – e afirma que poder escolher é uma das grandes virtudes do Homem. Isto é racionalidade. Isto é que nos permite viver em sociedade. E esta era a grande lacuna de Tom, um personagem, condicionado às características definidoras e delimitadoras do seu personagem. Por isso, Tom não viveria no mundo real.

Cecília, por seu turno, mulher que sofre maus-tratos do seu marido, suportando agressões físicas e psicológicas (devastadoras para qualquer pessoa). Trabalhadora, sustenta a casa, em período de grande depressão econômica,  com o suor de seu esforço.

Para Cecília, ir ao cinema, e entrar no mundo de magia e fantasia criado pelos filmes, era uma forma de fugir à (sua dura) realidade, uma maneira, levada pela ilusão, de se sentir feliz e confortada.

Gil, o ator que interpreta Tom no filme, prometeu a Cecília que a levaria com ele para Hollywood. Contudo, Gil não cumpriu a sua promessa, deixando Cecília em Nova Jérsei, sem, sequer, despedir-se dela.

No breve relacionamento entre Cecília e Gil, o ator interpretou um personagem na vida real, foi um “ator social” contracenando um determinando papel em uma situação específica de sua convivência social. Gil pretendia que Tom, seu personagem, retornasse para a tela e, a fim de lograr êxito em seu intuito, usou Cecília como meio de convencimento de Tom.

Cecília, ao se dar conta de mais uma desilusão em sua vida, abandonada por Gil, o escolhido por ela, volta à sala de cinema e o filme termina com Cecília assistindo a mais uma obra cinematográfica.

Voltar ao cinema, para Cecília, é retornar ao seu ponto de escape da realidade, é voltar ao local da fantasia, da ilusão. O cinema é o único local em que Cecília pode encontrar a felicidade, em contraponto à dureza de seu cotidiano. Ela busca na fantasia a ficção o conforto que não encontra em sua vida, na dificuldade do seu mundo real.

Nesta cena final, mais uma vez, temos a crítica de Woody Allen à indústria cultural. É que Cecília vai ao cinema no mesmo dia em que fora abandonada por Gil e assiste ao filme que substituiu, imediatamente, aquele em que Gil interpretava Tom e que havia dado problema.

Ou seja, a indústria cultural trata a arte como uma mera mercadoria, onde há, lembrando os ensinamentos de Pierre Bourdieu, uma autonomização progressiva do sistema de produção, circulação e consumo dos bens culturais, bens estes já tratados como meras mercadorias em que a produção dos bens simbólicos destina-se a um mercado consumidor, que possui demandas específicas.

Cecília, ávida consumidora de filmes, que busca na magia do cinema o conforto que não tem em sua vida real, é levada, pela indústria cultural, a consumir mais um filme, um bem que perde seu valor artístico em prol do seu valor comercial e visa a atender, exclusivamente, às necessidades da indústria do cinema, da indústria cultural.

Ficha técnica:

Título Original: The Purple Rose of Cairo
Gênero: Comédia
Tempo de Duração: 81 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1985
Estúdio:
Distribuição: Orion Pictures Corporation
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Produção: Robert Greenhut
Direção de Fotografia: Gordon Willis
Desenho de Produção: Stuart Wurtzel
Direção de Arte: W. Steven Graham e Edward Pisoni
Figurino: Jeffrey Kurland
Edição: Susan E. Morse


 Elenco
Mia Farrow (Cecilia)
Jeff Daniels (Tom Baxter / Gil Sheperd)
Danny Aiello (Monk)
Irving Metzman (Administrador do cinema)
Stephanie Farrow (Irmã da Cecilia)
Edward Herrmann (Henry)
John Wood (Jason)
Deborah Rush (Rita)
Van Johnson (Larry)
Zoe Caldwell (Condessa)
Eugene J. Anthony (Arturo)
Karen Akers (Kitty Haynes)
Annie Joe Edwards (Delilah)
Milo O'Shea (Padre Donnelly)
Camille Saviola (Olga)
Juliana Donald (Usherette)
Dianne Wiest (Emma)