Tirando um pouco as teias de aranha. Tentando voltar a escrever sobre algo para além do futebol.
CENA FINAL
A noite estava fria, chovia bastante e o vento era impiedoso. As árvores não paravam de balançar e muitas folhas caiam ao chão.
A rua estava deserta. Nem uma alma viva se atrevia a enfrentar aquela manifestação da natureza. Ninguém se aventurava a sair de casa.
Ninguém exceto um homem. Esguio e elegante. Trajado como se fosse a uma noite de gala. Levava consigo uma maleta de couro.
Solitário. Cabeça baixa, ombros vergados. Caminhava lentamente.
Nem o frio. Nem a chuva. Nem o vento que soprava de maneira assustadora. Nada parecia incomodar este homem. Nada interrompia a sua vagarosa marcha.
O homem para junto ao muro de uma casa há muito abandonada. Abre a maleta. Retira um spray. E escreve:
“DEIXO ESTE MUNDO DA MESMA FORMA QUE CHEGUEI: INSIGNIFICANTE”
Volta-se para a maleta. Retira uma pistola prateada. Abre a boca. Aproxima o cano da pistola. Ouve-se um murmuro lamuriante. Seguido de um grito desesperador:
“DEUS, TEM PIEDADE DA MINHA POBRE ALMA”.
Ouve-se um tiro.
O corpo cai ao chão. Ao seu lado, na maleta aberta, vê-se uma foto. Ele está ao lado de uma linda mulher. Ambos aparentemente felizes. No verso estava escrito: agradeço-te, minha linda, pelos melhores dias da minha vida.
sábado, 27 de junho de 2009
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